![]() |
Aníbal Cunha 1868-1931 Cientista, pedagogo e militar |
Aníbal Augusto Cardoso Fernandes Leite da Cunha, filho de António Cardoso Leite da Cunha, militar, e de D. Quitéria Augusta Fernandes Cunha, naturais do Porto e moradores na rua do Almada, nasceu na freguesia da Vitória, Porto, a 8 de setembro de 1868. Foi batizado no dia 24 de outubro seguinte, tendo como padrinhos José Fernandes, seu avô materno, e Ana Rita da Costa Pinto.
No Porto fez o curso dos liceus e cedo se notabilizou pela sua intervenção cívica. Militar desde 1888 (assentou praça como voluntário no Regimento de Infantaria 18), participou na Revolta de 31 de Janeiro de 1891, facto que o conduziria ao exílio. Em Espanha, onde se exilou, foi um dos subscritores do Manifesto dos Emigrados da Revolução Republicana Portuguesa de 31 de Janeiro de 1891, editado em Madrid a 12 de abril desse ano. No Brasil, onde também esteve exilado, exerceu o magistério.
Regressou a Portugal após amnistia, a 6 de junho de 1893, e casou com Laura Vieira d’Andrade.
Em 1910 foi reintegrado no exército, mais tarde, em 1921, foi promovido a Major Farmacêutico e em 1930 colocado na situação de reserva.
Frequentou, então, a Escola de Farmácia anexa à Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Foi bom aluno, sendo-lhe conferido um 2.º accessit na 2.ª cadeira (21 de julho de 1903) e prémios na 3.ª e 4.ª cadeiras (ano de 1903-1904). E dedicado, recebendo um voto de louvor e agradecimento na Sessão do Conselho Escolar de 7 de outubro de 1903, por se ter disposto "a organizar o laboratório de química e farmacotecnia afincadamente com verdadeira devoção digna de maior aplauso, durante as férias de Setembro". Diplomou-se em 1904 com a classificação de Muito Bom (19 valores), e a 27 de julho de 1922 o Conselho Escolar conferiu-lhe o grau de doutor em Farmácia.
A 3 de outubro de 1905 tomou posse do lugar de preparador da Escola de Farmácia. Em 1911, ano da fundação da Universidade do Porto e da subsequente anexação da Escola de Farmácia pela Faculdade de Medicina, foi promovido a 1.º assistente. A 17 de abril de 1915 foi empossado no cargo de professor extraordinário da mesma Escola. Foi proposto para vaga aberta no quadro dos professores ordinários, pela transferência para a Escola de Lisboa de Eduardo Pimenta, em sessão do Conselho Escolar de 15 de abril de 1918; e pelo decreto de 29 de maio de 1925 foi reconduzido no cargo, no qual se manteve até 20 de abril de 1929.
Em 1919 (7 de março) tomou posse como diretor interino da Escola Superior de Farmácia e como diretor efetivo em novembro desse ano, sendo reconduzido nas mesmas funções a 8 de junho de 1925. O seu contributo para a edificação das instalações da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto foi decisivo.
Aníbal Cunha é considerado um dos principais obreiros da afirmação do ensino farmacêutico em Portugal, muito tendo contribuído para a converter a Escola de Farmácia na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em 1921.
Publicou diversos trabalhos científicos, como As Lecitinas, Os granulados farmacêuticos, O extracto indirecto dos vinhos e A balança aerotérmica munida de nônio, na revista "Química e Farmacêutica".
Integrou associações científicas e foi condecorado com a medalha de prata de classe de comportamento exemplar, medalha de bronze comemorativa da Revolta do 31 de Janeiro e medalha de ouro de comportamento exemplar. Foi, ainda, distinguido, com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e o título de Comendador da Ordem Militar de Avis.
Faleceu na sua casa em S. Mamede de Infesta, Matosinhos, a 26 de março de 1931, vitimado por uma uremia.
Deixou 3 filhos - Arabela, Virgílio e Reinaldo Andrade da Cunha.
(Reitoria da U.Porto / Unidade de Cultura, 2022)