|
Albino Aroso 1923-2013 Médico, professor universitário e governante |
Albino Aroso Ramos nasceu a 22 de Fevereiro de 1923, em Canidelo, Vila do Conde.
Era o terceiro de uma família de seis filhos que cedo ficaram órfãos de pai, mas que contaram com a força e o exemplo de uma mãe moderna, que incutiu em Albino o respeito pela vida familiar e, em particular, o respeito pela mulher.
Em 1947, concluiu a licenciatura em Medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com a classificação de 16 valores.
Durante o serviço militar frequentou o Curso de Oficiais Milicianos, tendo iniciado a atividade clínica na segunda fase do curso, com a categoria de oficial médico. Nessa época, interessou-se pelos problemas cirúrgicos e frequentou o Serviço de Cirurgia do Hospital Militar Principal.
Em Agosto de 1948 ingressou no Hospital de Santo António, no Porto. Passados quatro meses, foi nomeado médico extraordinário do Serviço 5 e integrou uma das equipas do Serviço de Urgência desse hospital.
Em 1953, Albino Aroso concorreu ao lugar de Assistente do Hospital de Santo António, do qual tomou posse em 1974. Por essa altura, beneficiou de uma bolsa da Organização Mundial de Saúde que lhe permitiu estagiar em vários países europeus (Inglaterra, Holanda, Alemanha e Suécia).
De novo bolseiro, em 1956, mas desta vez da Santa Casa da Misericórdia do Porto (Hospital de Santo António), estagiou em Viena e em Genebra.
Entre 1959 e 1965 desempenhou o cargo de Subdiretor Clínico do Hospital de Santo António. Entretanto, associou-se à Comissão Inter-Hospitalar do Porto, então criada, e participou na Comissão do Porto para o estudo das carreiras médicas, vindo posteriormente a ser eleito para a comissão nacional congénere.
Durante os anos sessenta, contribuiu para a instituição da Associação para o Planeamento da Família (1967), participou, como delegado da Ordem dos Médicos, na integração dos médicos dos hospitais centrais nas carreiras correspondentes (1968). No ano seguinte, passou a ocupar o cargo de Diretor do Serviço de Ginecologia do Hospital de Santo António, no qual se manteve até ao fim da sua carreira. Foi neste hospital que criou a primeira consulta pública e gratuita de planeamento familiar (1969).
Em 1974, Albino Aroso foi eleito para o Comité Executivo da Região Europeia da Federação Internacional do Planeamento da Família. No mesmo ano aplicou no país os primeiros dispositivos intra-uterinos, distribuídos gratuitamente. No seguinte, foi eleito para a Direção Médica do Hospital de Santo António.
Albino Aroso também interveio na vida política nacional e desenvolveu uma carreira de docente no Ensino Superior Público. Assumiu o cargo de Secretário de Estado da Saúde no VI Governo Provisório (1976) e o de Secretário de Estado Adjunto da Saúde no XI Governo Constitucional (1987-1991). Lecionou no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, instituição da qual é hoje Professor Associado Jubilado de Ginecologia/Obstetrícia.
Na viragem do século XX para o XXI empenhou-se em causas cívicas, participando ativamente no movimento de despenalização e defesa do direito ao aborto.
Foi Presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia, membro-honorário da Sociedade Portuguesa de Senologia e da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, igualmente membro emérito da Academia Portuguesa de Medicina e membro da National Geographic Society e da New York Academy of Sciences.
O respeitado e não poucas vezes homenageado promotor do planeamento familiar em Portugal afirmou-se ao longo da vida como um homem interveniente em matéria cívica e como médico com forte sentido ético e de grande humanidade. Defensor da dignidade e dos direitos da mulher, foi um dos principais responsáveis por fazer saltar o país do fundo da tabela dos indicadores de mortalidade infantil para os 5 lugares cimeiros a nível mundial, através, nomeadamente, do trabalho desenvolvido na Comissão de Saúde Materno-Infantil.
Albino Aroso morreu a 26 de dezembro de 2013.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2009)