Em 1386, D. João I mandou instalar os judeus dispersos pelo Porto - que habitavam as Aldas e S. João Novo, assim como as judiarias do Castelo, da Minhota e de Monchique - num espaço intramuros, justificando a medida por questões de segurança.
O ghetto judaico ocupava um terreno de 30 courelas e por ele se pagavam anualmente 200 maravedis, tal como estipulava o contrato celebrado com a Câmara a 2 de Junho de 1388. Rodeava-o uma cerca com duas portas, uma voltada para o Largo da Porta do Olival, outra para as "Escadas da Esnoga" (hoje, Escadas da Vitória) e para o caminho de Belmonte.
Em pouco tempo e de forma muito racional, os judeus urbanizaram uma zona erma e economicamente desinteressante, pois só anos mais tarde é que se rasgaria a Rua Nova ou Formosa, depois Rua Nova dos Ingleses, actualmente Rua Infante D. Henrique, entre o Convento de S. Francisco e a desembocadura da Rua dos Mercadores, por norma considerada como o primeiro projecto urbanístico moderno do Porto.
A Judiaria Nova do Olival desenvolvia-se em torno de um eixo principal (norte-sul) constituído pela Rua de S. Miguel (que hoje corresponde às ruas de S. Bento da Vitória e de S. Miguel), em torno do qual se abriam travessas perpendiculares. Era um burgo dentro do burgo, limitado a norte por uma viela que seguia para as barreiras, ficando no seu exterior o "outão" e o forno do Olival, assim como a Sinagoga, provavelmente no lugar depois ocupado pela Igreja de Nossa Senhora da Vitória.
Os judeus aqui viveram e prosperaram, tendo assimilado, em 1487, os hebreus expulsos de Castela. O édito de expulsão de D. Manuel I (Dezembro de 1496) ditou o fim da Judiaria e muitos judeus abandonaram o reino, enquanto outros se convertiam ao Cristianismo. Estes passaram a designar-se cristãos-novos.
As casas desabitadas foram entregues a cristãos velhos e, no centro da antiga comuna judaica ergueu-se, no século XVI, um mosteiro beneditino. No tempo dos Filipes, esta zona albergou algumas tropas espanholas.
Recentemente, no decurso de umas obras numa casa da Rua de S. Miguel (n.ºs 9-11) ter-se-á descoberto um ehal (arca), onde se guardavam os rolos da Lei (Torah). Este objecto foi identificado por arqueólogos e historiadores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto como um dos quatro existentes em Portugal, datando de finais do século XVI ou inícios do século XVII.