1888-1960 |
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Filho do Dr. António Maria Esteves Mendes Correia e de D. Etelvina Marques Mendes Correia, nasceu no Porto a 4 de abril de 1888.
Nesta cidade concluiu o curso liceal com distinção. Seguindo os passos do seu progenitor, inscreveu-se na Academia Politécnica do Porto para frequentar o Curso Preparatório de Medicina, prosseguindo os estudos na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, onde foi distinguido e premiado. Em 1911 concluiu o curso de Medicina com a classificação de 17 valores, apresentando como dissertação o trabalho intitulado "O Génio e o Talento na Patologia".
Numa primeira fase da sua vida, Mendes Correia dedicou-se à prática clínica, a qual abandonou em favor do ensino e da investigação científica, sobretudo em disciplinas como a Psiquiatria e a Antropologia Criminal, áreas da sua predileção. Enquanto estudante, publicara alguns trabalhos sobre estes temas.
Com a criação da Universidade do Porto, em 1911, foi contratado como 2.º assistente provisório da 3.ª Secção da Faculdade de Ciências (Ciências Biológicas), passando a exercer funções como 1.º assistente logo no ano seguinte. Aquando da criação do subgrupo de Antropologia, apresentou-se a provas públicas com a tese intitulada "Os Criminosos Portugueses (estudos de Antropologia criminal)", sendo nomeado 2.º assistente efetivo em 1913.
Em paralelo com o ensino desempenhou funções como juiz adjunto e médico antropologista na Tutoria Central da Infância do Porto. Foi um dos fundadores, em 1918, da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, que viria a presidir.
A criação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1919, permitiu-lhe expandir a investigação que tinha em curso. Aceitou o convite para professor contratado do 5.º Grupo (Ciências Geográficas) no ano letivo de 1919-1920. Em 1922 doutorou-se em Ciências Histórico-Naturais pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, sendo reconduzido como professor ordinário do subgrupo de Antropologia. Mais tarde, tomou posse como professor catedrático.
Mendes Correia exerceu ainda funções como Secretário do Conselho Escolar da Faculdade de Ciências nos finais de 1921 e foi diretor do Instituto de Investigação Científica de Antropologia. Aqui, teve oportunidade de reunir um grupo de colaboradores que estiveram na origem de uma escola antropológica portuense, na tradição da antiga "Portugália".
Em 1921, o Governo nomeou-o professor ordinário da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, cujo Conselho Escolar lhe concedeu o grau de Doutor em Letras – Ciências Geográficas, a 2 de Dezembro de 1925.
Na Faculdade de Ciências, Mendes Correia foi, sobretudo, professor de Antropologia, enquanto na Faculdade de Letras assegurou a regência de um leque diversificado de cadeiras, entre as quais Geografia de Portugal, Geografia Colonial Portuguesa, Geografia Política e Económica, Geografia Geral, Etnologia, Arqueologia, Etnografia e Antropogeografia Geral. Com a extinção desta Faculdade, em 1928, foi escolhido pela Universidade do Porto como fiel depositário do acervo que lhe pertencera, incluindo o Museu de Arqueologia Histórica, integrado no Museu Antropológico que o próprio Mendes Correia criara na Faculdade de Ciências.
Entre 1933 e 1960, Mendes Correia sucedeu a Francisco Gomes Teixeira na direção dos "Anais da Faculdade de Ciências do Pôrto" (1933-1960). Entre 1936 e 1942 assumiu a presidência da Comissão Administrativa do Município do Porto. Durante o seu mandato desenvolveu uma notável ação em matéria de preservação e divulgação do património histórico e cultural da cidade: fundou o Gabinete de História da Cidade em 1936, criou o Curso de Estudos Portugueses, institucionalizou a publicação do Boletim Cultural da Câmara Municipal do Porto em 1938 e instalou o Museu Nacional de Soares dos Reis no Palácio das Carrancas, em 1940. Foi, ainda, procurador da Câmara Corporativa, mais tarde eleito como deputado à Assembleia Nacional nas IV, V e VI legislaturas (1945-1957).
O interesse e a dedicação que votou ao estudo da Antropologia em Portugal e o reconhecimento internacional da sua obra científica levaram à sua nomeação, em 16 de Outubro de 1946, como diretor da Escola Superior Colonial de Lisboa, mais tarde Instituto Superior de Estudos Ultramarinos. Mendes Correia foi presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa (1951), da Comissão Nacional de Estatística Demográfica-Sanitária (1955), membro do Conselho Ultramarino e presidente da Junta de Investigações do Ultramar.
Atingiu o limite de idade a 4 de Abril de 1958 e aposentou-se a 24 de Julho seguinte.
Faleceu em Lisboa no dia 7 de janeiro de 1960. A sua urna foi transportada da Sociedade de Geografia de Lisboa até ao Porto para ser depositada no jazigo de família, no Cemitério do Prado de Repouso. A título de homenagem póstuma, foi atribuído o seu nome à Sala de Arqueologia e Pré-História, a qual está atualmente integrada no Museu de História Natural da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)