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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Joaquim Torquato Álvares Ribeiro

Joaquim Torquato Álvares Ribeiro 1803-1868 Matemático e professor da Academia Politécnica do Porto

Joaquim Torquato Álvares Ribeiro, filho de Álvares Ribeiro e de D. Maria Máxima Delfina da Silva, nasceu na rua de S. Miguel, freguesia da Vitória, Porto, a 26 de fevereiro de 1803.

Foi aluno da Academia Real da Marinha e Comércio, onde alcançou diversos prémios, como a Matemática e Comércio, entre 1820 e 1825. Nesta Escola também fez o curso de repetição, que constava da frequência, em simultâneo, do 2.º e 3.º anos de Matemática e cujo exame incidia sobre uma "dissertação e diversas teses tiradas de todos os ramos do curso" [SANTOS, Cândido dos – Universidade do Porto: Raízes e Memória da Instituição. Porto, Universidade do Porto, 1996, pp.109, 111-113, 131 e 169.] . Para além do exame de repetição também havia lugar a um teste de Matemática. Estas provas foram instituídas pelo alvará de 16 de agosto de 1825 e só aconteceram uma única vez, no ano de 1830. Depois de aprovado, Álvares Ribeiro ficou habilitado a opositor à docência de Matemática.

Em 1835, foi nomeado, precedendo concurso, lente proprietário da 1.ª cadeira de Matemática, pelo decreto de 30 de janeiro e carta régia de 16 de fevereiro daquele ano. No ano seguinte, pelo decreto de 19 de outubro, foi exonerado desse lugar, por se recusar a jurar a Constituição de 1822, proclamada pela Revolução de setembro.

Em 1840, pela lei de 19 de outubro, Joaquim Álvares Ribeiro ficou adido à Academia Politécnica do Porto, com metade do vencimento. Em 1844, pelo decreto-lei de 12 de novembro e carta régia de 11 de dezembro, foi nomeado lente proprietário da 5.ª cadeira (Astronomia e Geodesia), que lecionou até 1868.

Álvares Ribeiro esteve presente em momentos importantes vividos pela Academia Politécnica do Porto. Em 1846 foi incumbido de proferir o discurso de abertura solene das aulas do ano letivo que então se iniciava ("Discurso recitado na Academia Polytechnica do Porto na abertura do anno lectivo de 1846 para 1847, pelo lente da 5.ª cadeira Joaquim Torcato Álvares Ribeiro"). Em 1852 recebeu a rainha D. Maria II, em visita à Academia, não perdendo a oportunidade de lhe recordar a falta que faziam os laboratórios práticos e os prejuízos causados pela paragem das obras no edifico, decorrente da apropriação pelo Tesouro Nacional da dotação feita por D. João VI. Teve a seu cargo o acompanhamento da visita de D. Luís, ocorrida a 30 de novembro de 1865. Entretanto, em 1854, aquando da apresentação de um projeto de lei à Câmara dos Deputados, que propunha a reforma das escolas de Ensino Superior e, em concreto, a supressão da Academia, Álvares Ribeiro foi um dos redatores da resposta dada pelo Conselho Académico e que tomou a designação de "Breve Memória sobre a Instrução Pública Superior no Porto e nas Províncias do Norte".

Na Academia, para além da docência, assumiu as funções de diretor interino, nomeado a 30 de novembro de 1864 e, apesar de indigitado para diretor efetivo em agosto de 1868, não chegou a tomar posse deste cargo.

Álvares Ribeiro foi, ainda, diretor da Companhia Geral da Agricultura e das Vinhas do Alto Douro entre 1852 e 1855, membro do Conselho de Sua Majestade e comendador da Ordem de Cristo.

O opúsculo "A Academia Polytechnica e a portaria do ministério do reino de 14 de Agosto de 1862." (Porto, 1862) é da sua autoria.

Faleceu a 2 de novembro de 1868 nas Caldas de Vizela, onde se encontrava "a banhos".
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2011)