Celebrar o cinquentenário do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBAS) da Universidade do Porto (U.Porto) é seguramente um pretexto para pensar a instituição. Pensar o ICBAS e o seu lugar na U.Porto é indissociável de um enquadramento na história da democracia no nosso país e da sua implementação iniciada na década de setenta.
Em 1975, o ICBAS concretizava um projeto de escola universitária diferente que os seus fundadores vinham defendendo. O ICBAS surgia então como uma escola onde a ligação do ensino à investigação estava em primeiro plano – e que, por isso, na altura se entendeu designar instituto –, uma escola que se fazia a partir do diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, uma escola atenta ao seu contexto e à sociedade. Com a criação do ICBAS chamava-se a atenção para a importância dessas vertentes na Universidade, contribuindo-se assim para a transformação da própria Universidade.
Estes traços eram diferenciadores e, de alguma forma, sinónimo de irreverência. É essa irreverência que procurámos destacar quando começámos a planear as comemorações dos 50 anos do ICBAS: meio século de concretização de ideias ousadas, foi para nós o ponto de partida para a programação que planeámos e para a imagem que desenhámos.
O ICBAS trouxe consigo professores e investigadores de renome internacionais e formou, ao longo de cinco décadas, milhares de profissionais nas áreas das ciências da vida e da saúde que deixam, diariamente, a sua marca na ciência e na sociedade. Ao longo dos anos a escola e o seu contexto foram evoluindo. Foi esse legado, que vem sendo construído e que imprime a sua marca em tantas gerações, que também quisemos retratar na imagem do cinquentenário. Para isso, revisitámos o espaço de múltiplas vivências, que foi e continuará a ser o edifício – agora designado Abel Salazar – que acolheu o ICBAS na fundação. Foi neste espaço que durante 30 anos decorreram as principais atividades da escola. O crescimento da instituição trouxe a necessidade de maiores instalações e assim a construção do seu novo espaço sede, no complexo junto aos Jardins do Palácio de Cristal. A renovação do edifício original (com abertura prevista para 2025) amplia possibilidades e a sua reabertura, pode ser lida como uma espécie de ‘regresso a casa’ com perspetivas de futuro.
Por isso, a imagem e a programação dos 50 anos do ICBAS procuram refletir estes espaços, como sinónimo de legado, aliados à ideia de irreverência que tanto nos caracteriza, através de uma proposta gráfica moderna e disruptiva.
50 anos de um Legado de Irreverência é o mote que vai andar pela cidade em 2025, com uma programação à nossa medida – arrojada, científica e cultural, que desafia a academia e a sociedade a colocarem-se em diálogo. Afinal o que é o ICBAS sem proximidade, sem pessoas, sem debate de ideias? Em 2025 pretextos não vão faltar para nos vermos por aí, seja nas nossas Casas, que estarão de portas abertas, seja numa sala de cinema, num café, ou num museu, para debater o futuro sem esquecer o passado!
Bárbara do Carmo Silva, Jorge Moreira, Maria Strecht Almeida (Coord.), Mariana Campos
Gabinete de Comunicação e Imagem do ICBAS | ICBAS, 20.DEZ.2024 [Texto anexo à newsletter de dezembro 2024]