Para a edição de 2021-2023, a iniciar em setembro de 2021, o 2º Ciclo de Estudos em Ciências da Educação organiza-se em quatro domínios:
O domínio “Educação, Comunidades e Mudança Social” procura promover o desenvolvimento de modos de investigação e de intervenção atentos às dinâmicas de construção local e participativa de processos de educação e formação e às dimensões sociopolíticas que as envolvem e configuram.
Nesta edição, haverá um foco específico em problemáticas do envelhecimento e nas suas implicações sociais, políticas e educativas, visando:
Espera-se que, a partir de um quadro teórico em torno das problemáticas do envelhecimento, este domínio contribua para os/as estudantes pensarem o educativo na sua relação com os direitos e a participação dos mais velhos nas comunidades e na sociedade. Associações culturais e recreativas, instituições da 3ª idade, universidades seniores, autarquias locais, mas também escolas e outros espaços sociais e educativos, constituem contextos com potencial para o desenho de projetos de investigação e intervenção neste domínio.
A emergência climática exige uma resposta global para promover a sustentabilidade de todos os habitantes do Planeta, incluindo seres humanos, e que envolva ciência, educação e ação cívica e política. A necessidade de imaginar formas criativas para uma mudança sistémica exige esforços transdisciplinares, mas também ligações entre educação, investigação e inovação que contemplem uma ampla participação e diálogo com cidadãos e organizações da sociedade civil, comunidades empresariais e indústrias e formuladores de políticas. Este domínio do Mestrado em Ciências da Educação irá promover a discussão de conhecimentos sociocientíficos e sociopolíticos relacionados com as alterações climáticas e a sustentabilidade, com foco na necessidade de mudanças individuais e coletivas, e na concepção e implementação de projetos de intervenção educacional em diversos contextos (escolas, ONGs, municípios, empresas privadas, etc). De um modo específico, visa desenvolver i) uma compreensão ampla das inter-relações entre os vários níveis (local, regional, global) e componentes (ambiental, económica, social, cultural e política) da emergência climática e da ação em prol da sustentabilidade; ii) uma leitura complexa dos fenómenos políticos e dos seus fundamentos psicológicos e implicações educacionais; iii) uma avaliação crítica das questões sócio-científicas e sociopolíticas envolvidas nas políticas e práticas atuais que lidam com as alterações climáticas e a sustentabilidade; iv) competências para conceber, implementar e avaliar projetos de intervenção educativa que promovam a cidadania ambiental e a participação cívica / política nos processos de tomada de decisão relacionados com as alterações climáticas e a sustentabilidade; v) competências para desenvolver investigação educacional nesta área usando uma diversidade de métodos de investigação, incluindo métodos mistos e abordagens participativas. Este domínio estará articulado com projetos de investigação atualmente em curso no CIIE, alguns envolvendo colaborações transdisciplinares com outros centros de investigação da Universidade do Porto.
Os efeitos da globalização, dos avanços tecnológicos e da “Sociedade em Rede” (Castells, 1999) fazem-se sentir nas mais diversas esferas da sociedade, provocando mudanças nas políticas, contextos de educação/formação e processos de aprendizagem. Estas mudanças, de que são exemplo as vivenciadas em situações de crise, evidenciam fragilidades do sistema educativo e dificultam as condições de participação sobretudo de pessoas em situação de maior vulnerabilidade social (Education and Training Monitor, European Comission, 2020). O domínio “Escola, Democracia e Tecnologias Digitais” insere-se na confluência de saberes teórico-práticos das áreas de intervenção: “Aprendizagem, Participação e Tecnologia
Educativa” e “Desenvolvimento Profissional e Formação de Professores”. Esta proposta tem como objetivo promover a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de competências que permitam aos estudantes: i) posicionarem-se criticamente sobre políticas, programas, projetos e práticas educativas mediadas por tecnologias digitais; ii) conceber práticas e recursos para a mediação digital em diferentes contextos; iii) desenvolver projetos de investigação/intervenção na escola e em outros campos, como a intervenção comunitária, a educação e formação de jovens e adultos, a animação sociocultural, a formação de professores e o desenvolvimento profissional.
Este domínio oferece uma visão alargada sobre experiências sociais e educativas de jovens, a partir de um foco conceptual explícito em torno das questões de justiça social e de abordagens de resiliência numa perspetiva ecológica e situada. A estrutura deste domínio funda-se em investigação desenvolvida no CIIE em torno das juventudes e contextos de vida juvenis marcados por diferentes vulnerabilidades e periferias, a nível social, educacional, económico ou espacial. Confere-se uma particular atenção a experiências educativas juvenis em contextos rural, interior e de fronteira. Os objetivos educativos são: (1) expor estudantes a quadros teórico-metodológico em torno de jovens e suas culturas, percursos e contextos de vida; (2) dotar os/as estudantes com conhecimento sobre múltiplas dimensões promotoras de desigualdade e vulnerabilidade e que afetam as suas experiências socioeducativas; (3) dotar os/as estudantes com conhecimento que permita analisar e avaliar o impacto de estruturas e instituições sociais e políticas públicas nas vidas juvenis em diferentes contextos; (4) capacitar estudantes para equacionarem formas de identificar e potenciar aspetos promotores de abordagens resilientes no trabalho com jovens e para uma maior justiça social; (5) equipar estudantes com conhecimento científico e técnico para o desenvolvimento de políticas, de investigação para o impacto social, de programas de ação que coloquem no centro jovens, as suas agendas e o seu papel no desenvolvimento e coesão das suas regiões; (6) fomentar o espírito investigativo e reflexão sobre diferentes papeis profissionais no trabalho com jovens e com organizações na melhoria de respostas situadas para a juventude. Este domínio desenvolve-se em articulação com as atividades da Comunidade Prática de Investigação do CIIE, denominada Jovens, Educação, Diversidade e Inclusão.
Na Edição 2020-2022, em curso, o 2º Ciclo de Estudos em Ciências da Educação está organizado em quatro domínios:
Educação, Comunidades e Mudança Social
O domínio “Educação, Comunidades e Mudança Social” cruza o património de conhecimento e de intervenção de duas áreas de investigação – “Política, Políticas e Participação” e “Desenvolvimento Local e Formação de Adultos” – numa proposta de formação que, globalmente, procura promover o desenvolvimento de modos de investigação e de intervenção atentos às dinâmicas de construção local e participativa de processos de educação e formação, em problemáticas e com públicos diversos, e às dimensões sociopolíticas que as envolvem e configuram. Em particular, pretende-se proporcionar aos estudantes a aquisição de conhecimentos e competências que permitam: i) refletir sobre políticas, programas, projetos e práticas de intervenção educativa, social e comunitária e seus sentidos educativos e conceções de mudança social; ii) fundamentar e desenvolver práticas profissionais de intervenção socioeducativa em campos como a intervenção comunitária, a educação e formação de jovens e adultos, a animação sociocultural, a formação de formadores e de outros profissionais do desenvolvimento humano.
Nesta edição, haverá um foco específico no campo da saúde comunitária e nas suas implicações educativas, políticas e sociais.
De forma específica, importará:
- perceber de que modo se inscrevem os direitos humanos e a cidadania na realidade das comunidades, respeitando as suas especificidades e condições de saúde diversas;
- refletir criticamente sobre as condições em se configura a mudança social, a partir de uma leitura ecológica das comunidades.
Espera-se que, a partir um quadro teórico em torno do tema da saúde comunitária, este domínio contribua para os/as estudantes pensarem o educativo na sua relação com os direitos e a participação nas comunidades. Instituições do 3º setor, organizações da sociedade civil, mas também escolas e outros espaços educativos, constituem contextos com potencial para o desenho de projetos de investigação e intervenção neste domínio.
Educação, Género, Corpo e Violência
A violência é cada vez mais um problema social e educativo que assume características de género, hoje intoleráveis. Numa perspetiva histórica, a construção social do género vem sendo concetualizada de forma complexa, que ultrapassa as conceções biologistas e binárias de feminino e masculino. De igual modo, a herança da modernidade sobrevalorizou a mente na Educação, estabelecendo uma dicotomia com o corpo que é desafiada pelo conhecimento atual.
As diferentes formas de violência exercidas sobre mulheres, crianças e idosos/as são sinais de formas de vida desumanizadas cuja tolerância acaba por contaminar toda a vida social. A tomada de consciência acerca do sofrimento das vítimas — até há pouco silenciado — é o resultado de movimentos sociais, das transformações culturais, da investigação e de uma maior exigência ética que tem levado à produção de políticas públicas para o combater.
Toda a violência tem uma dimensão corpórea, como locus de vivências, o que exige da Educação novas perspetivas e posicionamentos na ação educativa.
As Ciências da Educação têm produzido conhecimento e formação de forma estruturada, traduzidos em pós-graduações (Prevenção da Violência de Género na Escola e na Família) e domínios do MCED (Risco, Vulnerabilidade e Violência, 2010-11; Género, Educação e Cidadania 2006-2009). Numa perspetiva histórico-cultural, os domínios do MCED da herança cultural (2005-07; 2012-14) e da cultura (2016-18) e Educação intercultural (2006-08) têm salientado a emergência do corpo na Educação quer como objeto de higienização e cuidado médico, quer como fortalecimento e robustez física da população ou ainda numa dimensão antropológica como locus de apresentação e representação do individual, do social e do simbólico.
Neste domínio, privilegiaremos uma abordagem educativa interdisciplinar que tenha em conta o género, a corporeidade e a violência, cruzando as perspetivas histórica, antropológica, sociológica, dos estudos culturais e feministas.
Ensino Superior: políticas, governação, gestão e administração institucionais
Este domínio visa promover a formação especializada das/os estudantes no âmbito do estudo das políticas, da governação, da gestão e da administração do ensino superior. Pretende-se que adquiram conhecimentos e competências que lhes permitam:
Aos estudantes será dada a possibilidade de se envolverem em projetos de investigação nas áreas de estudos do ensino superior e a opção pelo estágio curricular será apoiada pela inserção em contextos institucionais, com vista a favorecer a iniciação à prática profissional autónoma e integração no meio profissional.
Escola, Comunidade e Democracia: Pedagogia, literacias e inovação
O campo da reflexão sobre a problemática da inovação pedagógica é um campo marcado por tensões e contradições que obrigam a um esforço de clarificação concetual, o qual nos conduz à valorização da Epistemologia como área de referência que tem vindo a ser subestimada. Trata-se de uma tendência que poderá ser explicada, em larga medida, pelo peso que a Psicologia, enquanto área vista como capaz de revelar os contornos das ações educativas nas escolas, assumiu no movimento de recusa do paradigma da instrução. Focalizando-se nos alunos e no seu desenvolvimento pessoal e social, essa tendência contribuiu para desvalorizar o património de informações, instrumentos, procedimentos e atitudes culturalmente validado, desvalorizando-se, por isso, a reflexão epistemológica sobre este património. Neste sentido, o debate educativo acabou por se empobrecer e gerar um conjunto de impasses concetuais que, de algum modo, têm prejudicado a reflexão com evidentes prejuízos no campo da formação de professores, no campo da investigação e no próprio debate público sobre a transformação dos projetos de educação escolar. É urgente, por isso, demonstrar os equívocos que têm vindo a ser alimentados pelo paradigma pedagógico da aprendizagem (Trindade & Cosme, 2010)1 e explorar as possibilidades concetuais que se abrem com uma reflexão no âmbito da qual é a relação entre os alunos, nas suas singularidades, e o património culturalmente validado, nas suas particularidades, que passa a constituir o foco da atenção dos professores.
Se esta é uma das dimensões que estrutura o domínio do Mestrado em Ciências da Educação que nos cabe dinamizar, importa ter em conta uma outra e que diz respeito à necessidade de valorizar o desenvolvimento da literacia dos estudantes, nas mais diversas áreas do saber, como objetivo dos projetos de educação escolar no mundo contemporâneo. É este objetivo que justifica, mais uma vez, a importância da reflexão epistemológica como componente incontornável da reflexão sobre os sentidos dos projetos de inovação pedagógica.
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[1] Trindade, Rui; Cosme, Ariana (2010). Educar e aprender na Escola: Questões, perspectivas e respostas pedagógicas. V. N. de Gaia: Fundação Manuel Leão.
Serviço Académico
T. | 22 042 89 00
E. | s_academico@fpce.up.pt
Código Oficial: | 6031 |
Diretor: | Alexandra Sá Costa |
Sigla: | MCED |
Grau Académico: | Mestre |
Tipo de curso/ciclo de estudos: | Mestrado |
Início: | 2007/2008 |
Duração: | 4 Semestres |