Resumo (PT):
Perante todas as mudanças a nível social e político que têm surgido ao longo dos
últimos anos, bem como devido à crise económica que afetou Portugal, surgiram alterações
no sistema de ensino e, consequentemente, nas tarefas dos professores, como por exemplo
aumento de alunos por turma, sobrecarga de horário dos professores ou adiamento da idade
de aposentação, gerando mal-estar psicológico e stress no trabalho. Este estudo tem como
objetivo conhecer os níveis de burnout e identificar as principais fontes de stress nos
professores de diversas escolas do Nordeste Transmontano, verificando se variam em
função de características sociodemográficas e profissionais.
Foi inquirida uma amostra de 220 professores a lecionar nas escolas do distrito de
Bragança, que, de forma voluntária, preencheram o Oldenburg Burnout Inventory (OLBI,
Halbesleben & Demerouti, 2005; Campos, Carlotto & Maroco, 2012) e o Questionário de
Stress nos Professores (IPSSO, Mota-Cardoso et al., 2002).
Os resultados revelam que a amostra apresenta valores moderados de burnout e
avalia as fontes de stress também com níveis moderados, destacando-se o estatuto
profissional, pressões do tempo e ritmo de trabalho como sendo as fontes que mais
provocaram stress nos participantes. O sexo e o local de residência influenciam a exaustão,
sendo esta mais elevada no sexo feminino e nos professores deslocados de casa. O
desinvestimento é influenciado pelo local de residência e pelo estado civil, sendo os
valores mais elevados em professores deslocados e solteiros. Mais idade e anos de
experiencia estão correlacionados negativamente com o stress provocado pela segurança
profissional, e o desinvestimento aumenta com a experiência profissional. Apenas as
características sociodemográficas são preditoras do burnout, explicando 46% da exaustão
(nomeadamente o ser mulher e estar deslocado em serviço) e 44% do desinvestimento (ser
não casado e estar deslocado em serviço). O tema do burnout e do stress parece ser cada
vez mais pertinente para o futuro no que se refere ao bem-estar psicológico dos
trabalhadores, sendo preocupante quando do desempenho destes dependem outras pessoas,
como o caso dos professores e da sua relação profissional com os estudantes. Os resultados
deste estudo evidenciam a necessidade de serem postas em práticas políticas de trabalho e
de promoção da saúde ocupacional que visem combater e prevenir estas problemáticas.
Language:
Portuguese
No. of pages:
34