Dia 22 de novembro, no Atelier de Psicologia do Trabalho (FPCEUP, sala 017), decorre o seminário Questões de linguagem na atividade de interação com os atores da empresa: A construção de um ‘lugar-comum’, com Denise Alvarez.

Denise Alvarez é docente na Universidade Federal Fluminense – UFF / Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Niterói, Rio de Janeiro e está atualmente a fazer um pós-doutoramento na FPCEUP/Centro de Psicologia da Universidade do Porto.

 

Sobre o seminário:
É cada vez mais frequente que demandas de intervenção de empresas de diferentes setores sejam dirigidas a grupos de pesquisa ligados às áreas de Engenharia de Produção ou de Psicologia do Trabalho, tanto no Brasil como em Portugal. Demandas que, em algumas situações, desdobram-se em novas solicitações. Esse fenômeno parece sinalizar que o chamado “ponto de vista da atividade” não só traz aportes positivos, como também abre um novo olhar para lidar com os problemas enunciados à partida, mesmo que esse reconhecimento só ocorra no final das intervenções. Que tipos de ações desenvolvidas ao longo das intervenções fazem com que esta perspectiva se distinga de outras presentes no “mercado de consultores”?

A questão da linguagem e suas evoluções neste tipo de interlocução contribui para avançar nesta reflexão, na medida em que, em todos os casos analisados, parece óbvia a procura pela constituição de um “lugar comum” (Re, 2013). Trata-se de procurar construir um código linguístico compartilhado, alcançar um diálogo que garanta um entendimento mútuo, o que suscita especificidades no tratamento linguajeiro. O esforço para essa construção dá-se ao longo da intervenção, e esse movimento inclui aproximações linguísticas de parte a parte, ou seja, tanto junto dos profissionais da empresa quanto dos profissionais da pesquisa. De tal forma que se fazem apropriações mútuas de vocabulário, de códigos audio-visuais diversos, de signos, de símbolos, etc. Pode-se perceber então, uma certa plasticidade na escolha das ferramentas utilizadas durante as intervenções para que sejam adequadas, não só aos contextos que se configuram como objetos de formação-intervenção, mas também às evoluções do entendimento comum. Refletir sobre esse fenômeno, sobre a construção dos “territórios da linguagem” (Teiger e Lacomblez, 2013), é o intuito desse seminário.

As pistas de análise dessa problemática têm como referencial teórico principal as contribuições presentes em Vasconcelos (2008), Teiger e Lacomblez (2013), Re (2013), Oddone (2013), Montreuil (2013) e Bellemare (2013). Esse referencial reverbera com as experiências vividas em pesquisas-intervenções em empresas brasileiras. Aposta-se na originalidade do enfoque, pois em grande parte da literatura nesta matéria, são priorizadas as ferramentas construídas em função do que parece exigir a análise da atividade dos operadores, sem destacar o que induz a relação dialógica com os demandantes.


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