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Produtividade no trabalho cai até 70% com mau controlo da rinite e da asma

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Investigadores da FMUP avaliaram dados de milhares de doentes em todo o mundo

https://unsplash.com/pt-br/@candidbcolette

Um mau controlo da rinite alérgica e da asma, sobretudo quando associadas, prejudica a produtividade no trabalho, implica mais custos económicos e diminui significativamente a qualidade de vida.  É o que mostra um conjunto de estudos realizados por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e publicados no The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice.

Um dos trabalhos, que calculou os custos anuais em 40 países de todo o mundo com dados de utilizadores de uma aplicação móvel gratuita (MASK-air), indica que o impacto da rinite e da asma se deve principalmente à redução da produtividade no trabalho (presentismo), frequentemente subestimada, e não a um aumento das faltas (absentismo). Ou seja, as pessoas vão trabalhar, mas não são (tão) produtivas devido aos sintomas respiratórios e não respiratórios.

“As pessoas com rinite alérgica podem ser 40% menos produtivas em semanas com doença mal controlada, o que se traduz em perdas económicas na ordem dos 90 euros por pessoa e por semana, em Portugal. Já doentes com rinite alérgica e asma podem sofrer perdas de produtividade na ordem dos 70%, o que representa perdas económicas na ordem dos 180 euros por pessoa e por semana”, explicam os autores, que já haviam demonstrado o impacto da falta de controlo da rinite e da asma na produtividade escolar.

Perto de 600 mil adultos sofrem de asma em Portugal e sete em cada dez não têm a doença controlada, segundo dados deste ano do estudo Epi-Asthma - Prevalência e caracterização das pessoas com asma, de acordo com a gravidade da doença, em Portugal, desenvolvido por consórcio do qual faz parte a FMUP

Outro estudo do mesmo grupo, realizado em diversos países europeus, demonstra que os doentes com rinite e a asma mal controladas têm pior qualidade de vida. Depois de avaliar 7905 utilizadores da app ao longo de 82.737 dias, os investigadores concluíram que os doentes mal controlados registam um decréscimo na qualidade de vida, num questionário (EuroQol-5D-5L) que avalia cinco dimensões: a mobilidade, a capacidade de autocuidados, as capacidades para as atividades da vida diária, a dor/desconforto e a depressão/ansiedade.

Ainda no que respeita à qualidade de vida, os investigadores deste grupo realçam que o mau controlo da rinite está particularmente associado a mais depressão/ansiedade e o mau controlo da asma está mais relacionado com uma pior mobilidade. Quando ambas as doenças não estão controladas, o impacto sente-se sobretudo com dor/desconforto e limitações nas atividades.

“A nossa investigação realça a importância de controlar a rinite e a asma. Esperamos que estes resultados sejam tidos em conta pelos decisores políticos. As próximas recomendações internacionais para tratamento da rinite alérgica, nas quais a nossa equipa está a trabalhar ativamente, terão já em conta este impacto”, diz Rafael José Vieira, investigador da FMUP.

Um terceiro estudo, este publicado no Pediatric Allergy and Immunology, assinala que os adolescentes entre os 10 e os 17 anos de idade conseguem controlar melhor estas duas doenças respiratórias alérgicas do que os jovens adultos (entre 18 e os 26 anos) e do que os adultos (mais de 26 anos), mesmo com níveis semelhantes de adesão à medicação. Os adolescentes apresentam menos alergias em geral, menos alergia ocular e menos sintomas de asma do que os outros dois grupos etários.

Ao todo, foram analisados os registos de 965 adolescentes (15252 dias), 4595 jovens adultos (58161 dias) e 15154 adultos (258796 dias). As diferenças nunca haviam sido estudadas através de ferramentas de saúde digital.

De acordo com Bernardo Sousa Pinto, professor da FMUP e outro dos autores deste estudo, estas conclusões abrem caminho a futuros estudos no sentido de perceber o modo como os adolescentes conseguem controlar melhor as doenças alérgicas”.

Esta série de estudos teve como autores além de Rafael José Vieira e Bernardo Sousa Pinto, vários investigadores da FMUP e do RISE-Health, nomeadamente João Fonseca, Luís Azevedo, Ana Margarida Pereira, Diogo Nogueira-Leite, Francisco Rocha Gonçalves, Jorge Rodrigues, bem como Luís Taborda Barata, do RISE-Health, e Jean Bousquet, do Fraunhofer Institute for Translational Medicine and Pharmacology ITMP, Allergology and Immunology, na Alemanha, entre outros. A MASK-air é uma aplicação móvel disponibilizada gratuitamente em cerca de três dezenas de países.


Foto: https://unsplash.com/pt-br/@candidbcolette

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