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Barreiras culturais e linguísticas condicionam acesso de imigrantes chineses à saúde em Portugal

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«Direito à proteção da saúde deve ser efetivo e usufruído por todos», dizem autores

foto chineses

Os imigrantes chineses em Portugal são muitas vezes tidos como “uma minoria invisível” nos nossos serviços de saúde, quando se comparam com outras comunidades de imigrantes, embora representem a 7ª maior comunidade estrangeira em território nacional, com mais de 26 mil cidadãos.

Uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/CINTESIS quis saber quais são as razões que podem estar a afastar os imigrantes oriundos da China das unidades de saúde do nosso país e o que pode ser feito para responder às suas necessidades.

Os investigadores analisaram o acesso aos serviços de saúde portugueses por parte de 304 cidadãos de nacionalidade chinesa com mais de 18 anos de idade e a residir em Portugal há pelo menos um ano. O trabalho envolveu a realização de um questionário, em português e em mandarim.

Os resultados, publicados no International Journal of Environmental Research and Public Health, indicam que as dificuldades de comunicação e a falta de conhecimento dos hábitos chineses por parte dos profissionais de saúde são as principais barreiras no acesso ao sistema de saúde.

“Este estudo revela que as barreiras linguísticas e culturais podem condicionar o acesso da população chinesa imigrante ao sistema de saúde. Cerca de um terço dos imigrantes chineses consideram que o horário de atendimento é uma condicionante no acesso aos serviços de saúde públicos, o que estará relacionado com as suas longas jornadas de trabalho”, indicam os autores, coordenados por Rui Nunes, professor da FMUP e investigador do CINTESIS.

De acordo com os autores, 93% dos imigrantes chineses já tinham procurado cuidados de saúde em Portugal. No entanto, mais de metade destes imigrantes (54%) admitiu ter viajado até ao seu país de origem para monitorizar ou tratar problemas de saúde, nomeadamente doenças musculoesqueléticas e de estômago. Foram sobretudo pessoas mais velhas, com menor escolaridade e que residiam há mais tempo em Portugal.

Entre as principais razões para essa opção estavam a confiança nos cuidados de saúde prestados na China, a nacionalidade dos profissionais de saúde, o facto de estes entenderem os seus hábitos e o apoio da família. 

A quase totalidade dos inquiridos já tinha recorrido à chamada “medicina ocidental”, mas cerca de 74% admitiram ter pedido à família e amigos a residir na China que lhe enviassem produtos da Medicina Tradicional Chinesa para combaterem principalmente gripes e constipações.

Em conclusão, esta investigação indica que “os imigrantes chineses acedem aos serviços de saúde portugueses, mas que existe ainda necessidade de adotar políticas de saúde que aumentem a equidade de acesso aos cuidados por parte desta comunidade”.

Segundo Rui Nunes, professor da FMUP, “estes resultados demonstram a importância da modernização do sistema de saúde, em especial do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de modo que o direito à proteção da saúde, previsto na nossa Constituição, seja um direito efetivo e usufruído por todos, e não apenas por alguns. Mais ainda quando Portugal acolhe cada vez mais imigrantes de diferentes proveniências, que devem olhar para o sistema de saúde como um fator decisivo na escolha do nosso país para residir”.

Para facilitar o acesso dos imigrantes chineses à saúde em Portugal, os investigadores recomendam, por exemplo, a sensibilização dos profissionais de saúde nacionais aos hábitos culturais daquela população, mas também a oferta de cursos de mandarim aos profissionais de saúde.

Estas duas medidas iriam facilitar a comunicação entre profissionais de saúde e imigrantes chineses, com um impacto direto da qualidade dos serviços prestados. Outras ideias passam pela criação de um grupo de apoio composto por profissionais com conhecimentos de mandarim e da cultura chinesa e a criação de guias e de dossiês destinados aos profissionais.

Este trabalho teve como autores os investigadores Sandra Lopes Aparício (CINTESIS), Ivone Duarte, Luísa Castro e Rui Nunes (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/CINTESIS).  

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