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Doentes de alto e muito alto risco cardiovascular não têm o «mau» colesterol controlado

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Investigadores portugueses falam em «oportunidade perdida»

Foto cardiovascular

Um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), da iniciativa da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (SPA) e da Novartis, identificou uma percentagem significativa de doentes de alto e muito alto risco cardiovascular em que se falhou a oportunidade de aplicar alterações dos estilos de vida e tratamentos para o colesterol mais intensivos e, desse modo, reduzir a possibilidade de sofrerem um AVC ou uma doença cardíaca coronária, as principais causas de morte em Portugal. 

Estes dados baseiam-se no estudo LATINO (Lipid mAnagemenT iN pOrtugal), que teve como objetivos perceber qual o risco cardiovascular das pessoas seguidas regularmente pelo seu médico de família e se o seu colesterol estava controlado, tendo em conta que existe uma relação linear entre os níveis de colesterol LDL (conhecido como “mau colesterol”) no sangue e as doenças cardiovasculares.

Os dados são provenientes de mais de 78.000 doentes entre os 40 e os 80 anos seguidos na Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), ao longo de 20 anos (2001 a 2019).

Os resultados, publicados no Journal of Clinical Medicine, indicam que 39% dos doentes têm um risco elevado ou muito elevado de ter uma doença cardiovascular, de acordo com a classificação das recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia e da Sociedade Europeia de Aterosclerose (ESC/EAS) de 2019.

Os investigadores concluíram que 93% e 97% destes doentes de risco cardiovascular elevado e muito elevado, respetivamente, não conseguiram baixar o seu colesterol LDL para os valores preconizados nas recomendações clínicas. “São sobretudo os doentes de maior risco, os que não têm o colesterol devidamente controlado”, concluem os investigadores. 

Embora estes números sejam preocupantes, apenas 5% e 10% dos doentes de risco elevado ou muito elevado, respetivamente, estavam a ser medicados com as estatinas de alta intensidade como recomendado, e cerca de 20% dos de muito alto risco não faziam qualquer medicação, o que poderá explicar os baixos níveis de controlo.

Para os doentes de risco elevado ou muito elevado não controlados, seria necessário reduzir o colesterol LDL em 44% e 53%, respetivamente, de modo a atingir os objetivos do tratamento. Ou seja, “o tratamento que está a ser adotado nestes doentes está a ser claramente insuficiente para diminuir o risco de doenças cardiovasculares potencialmente fatais”, defende a investigadora principal, Cristina Gavina, professora e investigadora da FMUP.

De acordo com Tiago Taveira Gomes, professor e investigador da FMUP e do CINTESIS, “há uma clara oportunidade para otimizar o controlo do colesterol LDL na prática clínica em todos os doentes com risco cardiovascular, com particular ênfase nos doentes de maior risco”.

Este trabalho sublinha a necessidade de recorrer a tratamentos para o colesterol mais eficazes, transpondo as mais recentes recomendações para a prática clínica diária. “O investimento no controlo adequado do colesterol LDL parece a solução mais promissora para reduzir o peso elevado das doenças cardiovasculares em Portugal”, afirma.

Para a SPA, “o estudo LATINO foi uma oportunidade única de conhecermos a realidade nacional em relação ao controlo da dislipidemia” refere Francisco Araújo, presidente eleito da SPA e co-investigador principal do estudo, realçando ainda que “percebemos que para mudar o panorama do controlo da dislipidemia será preciso atuar em múltiplas frentes, promovendo a educação do doente, de forma a que este possa estar consciente da sua saúde e do benefício que pode ter se adotar estilos de vida e medicação de forma a diminuir o risco de ter um evento vascular potencialmente fatal. O conhecimento da nossa realidade poderá diminuir a inércia médica na procura dos melhores resultados para os nossos doentes”.

Maria Rita Dionísio, diretora médica da Novartis, destaca ainda que “a maior causa de mortalidade para a população portuguesa continua a ser cardiovascular. Este estudo reflete o nosso compromisso para promover a investigação e o conhecimento que nos permita tomar decisões mais informadas que permitam tratar melhor os doentes, contribuindo não só para a melhoria da sua saúde individual, como também para uma longevidade mais saudável enquanto sociedade”.

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