Os dados acumulados de todas as séries mais recentes em todo o Mundo mostraram que estas terapias não-invasivas representam, em média, taxas de sucesso que rondam os 55 a 60%.
"Estamos a falar de casos em que não foi necessário recorrer à ventilação mecânica invasiva, que é, como sabemos, um processo altamente complexo e que acarreta mais riscos para o doente", refere o investigador português.
Através da utilização deste algoritmo, será então possível elencar as melhores opções de fornecimento de oxigenação e suporte respiratório não-invasivo, de forma sequencial e rotativa. Os clínicos poderão escalar as terapias de acordo com a sua maior eficácia, mas também descontinuá-las quando existirem melhorias significativas e ainda antecipar o momento em que será necessário recorrer a estratégias invasivas, como uma entubação.
Segundo João Carlos Winck, idealmente, estas terapias, tal como todos os procedimentos de pneumologia de intervenção, devem ser realizadas numa sala de pressão negativa, com precauções rigorosas de isolamento e ventilação suficiente para evitar a contaminação por aerossóis.
"No entanto, com os equipamentos de proteção individual adequados e adaptações de segurança nos ventiladores, os riscos são reduzidos, mesmo sem a existência de pressão negativa", conclui o também colaborador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.
Recorde-se que as terapias respiratórias não-invasivas se tornaram intervenções primordiais na gestão da atual pandemia, poupando de forma significativa o recurso às preciosas camas de cuidados intensivos.
Dados recentes da mais ampla base de dados do mundo - International Severe Acute Respiratory and emerging Infections Consortium-ISARIC) - dão conta que cerca de 20% dos pacientes com infeção por SARS-CoV-2 são admitidos numa unidade de cuidados intensivos ou numa unidade de cuidados intermédios.