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Botox aprovado para tratar incontinência urinária
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Estudo científico de grandes dimensões liderado por português leva à aprovação do botox como terapêutica para a incontinência urinária
O uso de botox é eficaz e seguro no tratamento da incontinência urinária, revela um estudo científico internacional, de grandes dimensões, liderado por Francisco Cruz, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e diretor do Serviço de Urologia do Hospital São João (HSJ). Publicado no European Urology Journal, este trabalho levou à aprovação do uso do Botox (toxina botulínica) no tratamento da incontinência urinária e vai influenciar o tratamento deste problema em todo o Mundo.
A incontinência urinária tem um impacto muito negativo na qualidade de vida dos pacientes afetados. O tratamento com anticolinérgicos (primeira linha terapêutica até ao momento) é descontinuado por um grande número de pacientes devido aos efeitos secundários intoleráveis que estes fármacos provocam.
A equipa de investigação responsável por este trabalho avaliou uma amostra de 275 pacientes que reportaram, em média, 33 episódios de incontinência urinária por semana. Com idades compreendidas entre os 18 e os 80, os doentes avaliados sofriam de esclerose múltipla ou de lesões na medula-espinhal.
Um terço da amostra foi injetada de forma minimamente invasiva com 200 mg de botox, outra parte recebeu 300 mg e ao terceiro grupo foi administrado um placebo. Ao fim de duas semanas apenas, os investigadores registaram uma melhoria significativa dos sintomas nos pacientes injetados com toxina botulínica. No final das seis semanas, 38% dos pacientes tratados com 200 mg de botox e 39% dos doentes que receberam 300 mg dessa substância estavam continentes, isto é, controlavam integralmente a sua vontade de urinar.
O estudo permitiu ainda definir a dose ideal a administrar a estes pacientes. Embora as duas doses tenham sido bem toleradas sem diferenças clínicas relevantes na eficácia ou duração do efeito, os resultados sugerem que a dose de 200 mg apresenta benefícios em termos de segurança.
A utilização de botox para tratar a incontinência urinária em doentes com doenças neurogénicas já foi aprovada em vários países da Europa como Portugal, França, Irlanda, Finlândia, UK entre outros, e nos EUA.
Este foi o maior estudo desenvolvido para avaliar a eficácia e segurança do uso do botox na incontinência urinária, tendo reunido 63 centros de investigação.
A equipa da FMUP/HSJ liderada por Francisco Cruz desenvolve trabalho de referência na área da incontinência urinária, participando em projetos europeus de grandes dimensões e publicando os resultados das pesquisas promovidas na FMUP nas mais reputadas revistas científicas desta área clínica.