A excelência da investigação desenvolvida por profissionais e por equipas da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e, simultaneamente, da ULS São João esteve em evidência na última Conferência CAC Porto – Centro Académico Clínico do Porto de 2024, que se realizou na Aula Magna da FMUP, no dia 12 de dezembro.
Na assistência, várias personalidades ilustres e responsáveis ao mais alto nível juntaram-se para ver e ouvir a Conferência – alguns chamaram-lhe “Aula” – de Pedro Marques, investigador da FMUP e médico da ULS São João.
Entre as individualidades presentes estavam, como habitualmente, o diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, a presidente do Conselho de Administração da ULS São João, Maria João Baptista, o Enfermeiro-diretor desta unidade, Paulo Emílio Mota.
O diretor da FMUP declarou-se contente ao ver que as Conferências CAC estão “a dar os seus frutos”, destacando a importância de manter viva a ligação entre investigação e a prática clínica, mas recordando a “enorme pressão da procura e dos resultados” nas unidades de saúde, que podem remeter o tempo dedicado à investigação para segundo plano.
Em causa estão também, como disse, questões económicas e políticas, sendo preciso aguardar pelo relatório da Comissão Técnica Independente, que integra, constituída para discutir as ULS Universitárias.
Certo é, como afirmou Altamiro da Costa Pereira, que “nenhum hospital, nenhuma ULS, nenhum cuidado de saúde é de qualidade se não houver um enorme investimento na investigação e na inovação” e que a ULS São João não era o que é sem a FMUP e vice-versa.
A presidente do CA da ULS São João declarou já ter transmitido à tutela que os médicos precisam de tempo dedicado à investigação, faltando, no entanto, que esse tempo seja financiado “de maneira adequada”. Para Maria João Baptista, os projetos da iniciativa do investigador são relevantes, inclusive, para a “sustentabilidade” do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Havia sido o próprio conferencista a “lançar para cima da mesa” a questão da falta de financiamento e da “falta de tempo dedicado” ao desenvolvimento de investigação nas e pelas instituições de saúde. Pedro Marques salientou que os ensaios da iniciativa do investigador são essenciais para responder a questões em que a indústria farmacêutica não tem interesse por não envolverem fármacos considerados lucrativos.
O investigador acredita que há igualmente “uma panóplia de dados disponíveis” para serem analisados, mesmo “com poucos fundos”, e que esta atividade de investigação pode tornar carreiras (como a sua, de internista) “mais apelativas” e o SNS “mais sustentável”.
Atualmente, são vários os projetos, nomeadamente da iniciativa do investigador, a decorrer na FMUP e na ULS São João, a envolver “armas terapêuticas” farmacológicas e estratégias não farmacológicas na área cardiovascular, em particular na insuficiência cardíaca.
Um dos estudos que referiu, ainda em fase de obtenção de financiamento, consiste na substituição do sal convencional (constituído a 100% por cloreto de sódio) por uma mistura que incluí 25% de cloreto de potássio numa população de doentes com insuficiência cardíaca. O objetivo principal é perceber se é eficaz e seguro, tendo em conta, desde logo, a substituição do cloreto de sódio pelo cloreto de potássio.
Outro estudo que apresentou, este com a Universidade McGill, no Canadá, onde colabora, demonstrou que a avaliação multidisciplinar e centrada no doente melhora a utilização de fármacos com impacto no risco de eventos cardiovasculares e renais numa população de doentes diabéticos. Esta multidisciplinaridade foi, de resto, destacada, na discussão, por especialistas de renome presentes, casos de Francisco Cruz, Manuel Pestana e Jorge Almeida.
A assistir a esta Conferência CAC Porto estiveram professores, médicos, investigadores e estudantes do Mestrado Integrado em Medicina e da Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica (SauD InoB) da FMUP.