Resumo (PT):
Introdução: A dieta do tipo ocidental é um factor de risco estabelecido para doença
cardiovascular, no entanto a caquexia agrava consideravelmente o prognóstico da
insuficiência cardíaca (IC) e da hipertensão pulmonar (HP). O objectivo deste estudo foi
testar o efeito de uma dieta hipercalórica rica em lípidos saturados (LS) e hidratos de
carbono simples (HCS) num modelo experimental de HP.
Métodos: Ratos Wistar macho, 180-200g, receberam aleatoriamente 60mg/Kg de
monocrotalina (MCT) ou veículo, por injecção subcutânea, 2 dias depois, alguns passaram
aleatoriamente a receber dieta hipercalórica (MCT DH, n=7; Ctrl DH, n=7) rica em LS e
HCS, enquanto os restantes mantiveram dieta normal (MCT DN, n=7; Ctrl DN=7). Às 5
semanas, procedeu-se a avaliação hemodinâmica ventricular direita (VD) e à colheita de
amostras de VD e pulmão. Na análise histológica avaliou-se, a espessura da média das
arteríolas pulmonares e o diâmetro miocitário (H&E), fibrose (tricrómio de Masson) e taxa
de apoptose VD (TUNEL, terminal dUTP nick end-labeling). No miocárdio VD quantificouse
a expressão de endotelina-1 (ET-1) normalizada para a b-actina e relativa ao Ctrl ND
(Unidade Arbitrária, UA). Os grupos foram comparados por two-way ANOVA. Variáveis
quantitativas: média±EPM; P<0,05.
Resultados: Os grupos MCT desenvolveram HTP, traduzida pela elevação da pressão
máxima (Pmax) VD (MCT vs Ctrl: 55,3±3,0 vs 30,5±1,1 e 50,4±2,9 vs 30,5±1,7 mmHg nos
grupos DN e DH, respectivamente) e hipertrofia, avaliada pela razão peso VD/comprimento
tibial (MCT vs Ctrl: 87,6±5,0 vs 51,7±2,2 e 96,3±4,8 vs 51,1±3,8 g/cm em DN e DH,
respectivamente) e pelo diâmetro dos cardiomiócitos (MCT vs Ctrl: 19,7±0,6 vs 15,5±0,7
e 19,5±0,6 vs 17,1±0,7 nos grupos DN e DH, respectivamente). No entanto, MCT DH teve
redução significativa da Pmax VD e, contrariamente a MCT DN, não apresentou hipertrofia
da média das arteríolas pulmonares (DH: 19,3±0,3 vs DN: 24,0±0,6%). Comparativamente
com Ctrl DN, MCT DN apresentou elevação da fracção de fibrose (MCT: 3,49±1,09 vs Ctrl:
0,27±0,05%), da taxa de apoptose (MCT: 5,6±1,6 vs Ctrl: 0,9±0,2%) e da expressão
miocárdica de ET-1 (MCT: 28,8±10,6 vs Ctrl: 1,0±0,3 UA), o mesmo não se verificando para
MCT DH (2,42±1,09%, 2,8±0,7%, 8,2±3,2 UA, respectivamente).
Discussão: Os resultados deste trabalho sugerem que a gravidade da HTP poderá ser
modulada pelo regime alimentar, o que poderá dever-se à modulação de vias inflamatórias,
da remodelagem vascular e miocárdica.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific
Notes:
XXX Congresso Português de Cardiologia, publicado na Rev. Port. Cardiol. 2009; Vol.28(Supl.I):I-120.