Resumo (PT):
Portugal envolveu-se na Grande Guerra depois da declaração de guerra da Alemanha, em Março de 1916, em resultado da apreensão dos navios alemães refugiados nos portos portugueses. Este foi o pretexto encontrado pelo novo regime republicano português para se legitimar internacionalmente e para assegurar a defesa estratégica dos territórios coloniais portugueses, acossados por forças alemãs desde 1914, e a manutenção de um império colonial no pós-guerra (Ramos, coord., Sousa e Monteiro, 2009, 605-606). Assim, as batalhas travadas pelos portugueses tiveram lugar em duas frentes: a Europa e a África. O propósito deste trabalho é, em consequência, descrever como a mais importante revista ilustrada portuguesa desse período (1916-1918), a Ilustração Portuguesa, usou as imagens (fotografias e ilustrações) para cobrir a guerra nessas frentes de batalha, tendo como foco a participação portuguesa na conflagração. Houve alguma diferença entre a forma como a frente europeia e a frente colonial foram cobertas? Quais foram os temas principais das imagens dessas duas frentes? Terá sido a cobertura gráfica do conflito contaminada pela propaganda e constrangida pela censura e em que sentido o foi, se o foi? Finalmente, será que a evolução do conflito e as alterações na política interna portuguesa se repercutiram na cobertura? Para se responder a essas e outras questões, recorreu-se a uma análise quantitativa e qualitativa do discurso da Ilustração Portuguesa, cujos resultados foram culturalmente interpretados tendo por referente o contexto histórico do período selecionado.
O tema da presente investigação não foi, até à data, objeto de pesquisa em Portugal. Todavia, noutros países a cobertura visual da Grande Guerra tem sido investigada (Gerverau, 1987, 2006; Carmichael, 1989; Eisermann, 1998; Spencer, 1999; Gerhard, 2004; Beurier, 2004, 2005, 2007a, 2007b…), pois a conflagração foi um dos primeiros conflitos cobertos por um grande número de fotógrafos, tendo gerado uma enorme quantidade de imagens (Grifin, 1999, p. 122-123). O fotojornalismo ainda não se tinha instituído como profissão, mas isso não foi obstáculo para soldados e civis, fotógrafos profissionais e amadores, propagandistas das forças armadas e jornalistas registarem visualmente o conflito, mesmo que sujeitos aos condicionalismos levantados pela censura e pelos serviços de propaganda (Grifin, 1999, 122-123).
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific
Notes:
http://www.estudosaudiovisuais.org/lusofonia/revis