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A imprescindibilidade dos recursos minerais

Title
A imprescindibilidade dos recursos minerais
Type
Article in Other Journals
Year
2024-12-30
Authors
Luís Martins
(Author)
Other
The person does not belong to the institution. The person does not belong to the institution. The person does not belong to the institution. Without AUTHENTICUS Without ORCID
Scientific classification
CORDIS: Technological sciences > Engineering > Geological engineering
FOS: Engineering and technology
Other information
Subject: A imprescindibilidade dos recursos minerais
Resumo (PT): A indústria extrativa evidencia uma evolução que, em termos globais, indica um crescente aumento da produção das matérias primas minerais como resultado direto do aumento da procura e consumo dessas mesmas substâncias minerais. Este facto resulta principalmente do crescimento da população mundial e o anseio de muitos, cada vez mais, a atingirem um maior nível e qualidade de vida (assente, portanto, no maior consumo de recursos minerais), mas também no paradigma consumista das sociedades atuais. A exceção, no entanto, reside hoje na Europa onde, pelo contrário, a taxa de produção de matérias-primas vem, ao longo das últimas duas décadas, registando um acentuado decréscimo, embora o consumo continue a crescer. O quase abandono, por parte dos países europeus, da indústria extrativa, rapidamente revelou as suas fragilidades em termos da dependência estratégica de recursos minerais, o que levou a UE a lançar, em 2008, a Iniciativa Matérias-Primas. Nesse documento a UE identificava um conjunto de matérias-primas críticas (14 na versão de 2008, 27 na versão de 2017 e 34 já no Regulamento Europeu Matérias-Primas Críticas de 2024) imprescindíveis aos futuros desenvolvimentos da indústria. O objetivo era modificar, não só o paradigma energético vigente (baseado essencialmente no consumo dos combustíveis fósseis) estabelecendo assim as bases para uma descarbonização da economia, mas também promover o acesso aos recursos minerais essenciais aos novos desafios tecnológicos. Esta temática foi, aliás, motivo de consideração em inúmeros artigos “Um futuro limpo…mas de procura intensiva de recursos minerais” (Soares, 2020); “E depois do mundo desmoronado” (Costa Silva, 2020) ou mesmo suportado nas conclusões dos relatórios do Banco Mundial “The Growing Role of Minerals and Metals for a Low Carbon Future” (2020), e da Agência Internacional de Energia “The Role of Critical Minerals in Clean Energy Transitions” (2024). Em todas estas reflexões perpassa a necessidade de aumentar substancialmente o consumo e a produção de matérias primas minerais estratégicas para fazer face a uma transição energética de matriz renovável e mais limpa. No nosso País, estimativas do Banco de Portugal, num exercício de simulação ao impacto de curto prazo que o abandono progressivo da indústria extrativa poderia ter na liquidez das empresas do setor extrativo, previu uma diminuição da atividade que podia atingir os 40%, com a certeza das consequências imediatas nos quase 12 mil postos de trabalho diretos e nos mais de mil milhões de euros de exportações que este setor industrial representa anualmente em Portugal. A inevitabilidade da exploração de recursos minerais para uma continua evolução do bem-estar da humanidade, não pode ser o argumento para a desenfreada exploração das matérias primas minerais, nem tão pouco o motivo para se ignorarem os impactos ambientais de desregradas explorações mineiras. Pelo contrário, a certeza dos profissionais deste setor industrial está na assunção de que as melhores técnicas disponíveis e no respeito pela legislação em vigor, no compromisso com as práticas profissionais que minimizem os diferentes impactos ambientais e sociais. No entanto, sejamos claros, a indústria extrativa não é sustentável, por definição, já que explora recursos não renováveis. Isso não significa que não utilize métodos cada vez mais sustentáveis, com ênfase na digitalização, automação e descarbonização.
Abstract (EN): Mais, ela é absolutamente determinante para assegurarmos um futuro mais sustentável, assente num paradigma energético diferente e não dependente dos combustíveis fósseis. Esta transição energética, para ser verdadeiramente efetiva e socialmente justa, demorará algum tempo a tornar-se uma realidade, pelo menos à escala global. (...) sejamos claros, a indústria extrativa não é sustentável, por definição, já que explora recursos não renováveis. Isso não significa que não utilize métodos cada vez mais sustentáveis (...) Mas voltemos ao contexto europeu e à já referida Iniciativa Matérias-Primas, publicada em finais de 2008. Passados 16 anos o que aconteceu? Vários Estados-Membros, como Portugal em 2012, aprovaram novas estratégias para os recursos minerais, mas que infelizmente não passaram do papel. Assim, a dependência europeia em recursos minerais, incluindo de países com um risco geopolítico elevado, aumentou sobremaneira. Basta olharmos para as listas de matérias-primas críticas para confirmarmos este facto: em 16 anos passámos de 14 para 34! Esta foi assim a principal razão que levou a Comissão Europeia a tomar a iniciativa de preparar legislação que obrigasse os Estados-Membros a mudar a sua atitude passiva relativamente à revelação e aproveitamento de recursos minerais. Após negociações complexas com o Parlamento e Conselho Europeus, surge assim o Ato das Matérias-Primas Críticas, publicado em abril de 2024. Na sua sequência, o governo português constituiu um grupo de trabalho para a elaboração de um plano de ação visando a sua implementação no país. Este plano foi apresentado publicamente no início do mês de dezembro de 2024, contemplando 19 iniciativas, das quais destacamos: - revisão do Decreto-Lei 30/2021, no sentido de acelerar e simplificar o licenciamento de novas áreas para prospeção, pesquisa e exploração de depósitos minerais, isto é, bens do domínio público, conforme definido pela Constituição portuguesa; - a abertura de concursos internacionais para a prospeção e pesquisa de matérias-primas e estratégicas, como o lítio e o cobre; - uma nova estratégia nacional para os recursos minerais, com especial relevo para um Plano Sectorial que, em sede de ordenamento do território, os inclua e salvaguarde, evitando situações de conflito com outros usos do solo e permitindo o seu potencial futuro aproveitamento; - lançamento de um Programa Nacional de Prospeção e Pesquisa, desenvolvido pelo Estado, isto é, um novo programa de fomento mineiro. Esta provavelmente será a última oportunidade de a Europa corrigir os seus erros estratégicos das últimas décadas (...) Concluindo, a Comissão Europeia teve a necessária visão estratégica para lançar e aprovar este regulamento na UE. A questão agora será sabermos se os Estados-Membros o aplicarão de facto no terreno, não sendo mais um plano para ficar na gaveta. Esta provavelmente será a última oportunidade de a Europa corrigir os seus erros estratégicos das últimas décadas, importando cada vez mais recursos e exportando problemas ambientais e sociais para regiões do Mundo que não têm a capacidade técnica ainda existente no Velho Continente para os minorar e controlar. É o futuro das gerações vindouras e da sua qualidade de vida que está em causa. * É também autor deste artigo Luís Martins, Geólogo e Presidente do Conselho de Administração do Cluster dos Recursos Minerais de Portugal
Language: Portuguese
Type (Professor's evaluation): Dissemination
Contact: jgois@fe.up.pt
Notes: Publicação onçline no Jornal Água & Ambiente em 30/12/2025 em https://www.ambienteonline.pt/opiniao
No. of pages: 3
License type: Click to view license CC BY-NC-ND
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