Resumo (PT):
Os discursos presidenciais de comemoração da Revolução de Abril
constituem uma tradição que teve início em abril de 1977 e continua até
aos dias de hoje, combinando as dimensões da continuidade e renovação.
Proferidos por diferentes enunciadores em diferentes circunstâncias ao
longo de cinquenta anos de democracia, cada um destes discursos possui
uma identidade própria. Por outro lado, o seu caráter cerimonial implica
a presença de elementos recorrentes que concretizam um género textual
específico. Uma das recorrências é a organização semântico-pragmática
em torno dos eixos passado-presente-futuro, correspondendo a três dimensões
essenciais nestes discursos: evocação da data, foco no contexto
da enunciação e projeção para a posteridade. Utilizando uma abordagem
enunciativo-pragmática, propomo-nos analisar a forma como estas três
dimensões são desenvolvidas nos discursos de comemoração de Abril dos
presidentes António Ramalho Eanes e Marcelo Rebelo de Sousa. O resultado
principal demonstra que estruturas linguísticas distintas materializam
uma configuração semântico-pragmática similar, sintetizável na fórmula:
elogio da efeméride – diagnóstico da nação – apelo à transformação. Não
obstante esta configuração estável, cada enunciador constrói, por meio das
suas escolhas linguísticas, forças e imagens discursivas variáveis que procuraremos
ilustrar.
Abstract (EN):
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific