Resumo (PT):
Introdução: A doença periodontal e a doença cardiovascular são entidades prevalentes, que frequentemente coexistem, e com uma via pró-inflamatória comum. A doença dos pequenos vasos cerebrais refere-se a um conjunto de processos patológicos, crónicos e progressivos, que afetam as arteríolas, capilares e pequenas veias responsáveis pela vascularização da substância branca e estruturas profundas da substância cinzenta. As evidências mais recentes parecem sugerir que as infeções orais crónicas, como a periodontite, contribuem para a progressão da doença dos pequenos vasos cerebrais. Neste estudo, avaliamos a relação entre a doença periodontal, as hiperintensidades da substância branca cerebral e os marcadores de risco cardiovascular pró-inflamatórios raramente estudados neste contexto.
Material e Métodos: A amostra consistiu em 43 doentes, com idades compreendidas entre os 38 e os 82 anos, sem antecedentes cardiovasculares, hipertensos, 42% do género feminino e 50% diabéticos. Foi estudada a associação entre a média da profundidade de sondagem (MPS), média da perda de inserção (MPI), hemorragia pós-sondagem (HPS) e área total de superfície periodontal inflamada (ATSPI) com os marcadores pró-inflamatórios de risco cardiovascular (razão neutrófilo-linfócito (RNL), pressão arterial ambulatória 24h, risco cardiovascular global, ingestão diária de sal e velocidade de onda de pulso (VOP)) e com as hiperintensidades da substância branca (HSB).
Resultados: HPS, MPS e MPI correlacionaram-se significativamente com a ingestão elevada de sal, estimativa de risco cardiovascular global, pressão arterial sistólica noturna (nPAS) e ATSPI. Além disso, foi encontrada uma correlação positiva entre HPS, RNL e VOP. A análise de regressão multivariada mostrou uma relação independente entre HPS e nPAS, ingestão diária de sal e RNL. A análise dos dados também revelou uma correlação inversa não significativa entre MPS, HPS, ATSPI e HSB. Foi encontrada uma correlação positiva não significativa entre MPS e HSB.
Conclusões: No nosso estudo, e com a nossa amostra, HPS e ATSPI associaram-se a um marcador de inflamação circulatório (RNL). MPS e MPI, mas particularmente HPS, também se relacionaram com o risco cardiovascular global e com marcadores pró-inflamatórios tais como a hipertensão e o consumo de sal. Menores valores de MPS, HPS e ATSPI correspondem a um maior número de HSB. Em sentido inverso, a maiores MPI estão associadas um maior número de lesões de substância branca.
Language:
Portuguese