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Congresso "Guerra, Revolução e Retorno: 50 anos depois, a memória de um Portugal europeu, democrático - e descolonizado?

5 e 6 de dezembro, 2024 | Anfiteatro Nobre e Sala de Reuniões 2

Os 50 anos das últimas transições democráticas da Europa ocidental (Portugal, Espanha e Grécia) cumprem-se num tempo presente caracterizado por uma deriva antidemocrática sem precedentes desde há décadas e pelo questionamento sistemático de alguns dos pressupostos sociais, políticos e económicos que caracterizaram a democracia desde o fim da II Guerra Mundial – entre outros, a consagração efetiva do direito à autodeterminação e da exigência política e moral da descolonização. A discussão pública, com inevitável dimensão política, que presentemente se desenvolve em torno do significado do 25 de Abril de 1974 prova, por um lado, que a passagem do tempo por si só não empresta consensualidade à interpretação das mudanças históricas, e, por outro, como é permanentemente relevante o debate académico rigoroso, crítico e apoiado num trabalho de reflexão e investigação históricas abrangentes.

Esse debate e essa investigação são ainda mais urgentes considerando que, no momento em que se comemoram 50 anos da Revolução dos Cravos, continuam a imperar narrativas simplistas que informam o debate político no presente, incapazes de uma análise de fundo e de longa duração daquilo que foram, são, e continuarão a ser no futuro, as grandes transformações desencadeadas pelo movimento militar conduzido pelo MFA. Em 2024, muito do debate público continua dependente de motivações comemorativas ou depreciativas, ignorando muito de como o Portugal democrático de hoje foi e é moldado: pela violência da colonização diferente (“lusotropical”); pela violência de 13 anos de Guerra Colonial e suas profundas consequências; por um biénio (1974/1976) de transformações sem precedentes na história contemporânea portuguesa (revolução social, política e económica, e fim da dominação colonial); por uma descolonização complexa, geradora de novas nações e de regressos; pelo fim, efetivo, de cinco séculos de história imperial; pelo regresso de milhares de retornados, combatentes e os seus processos de (re)integração social e económica; e finalmente pela memória, individual, coletiva, mas também política, uma memória de Abril sempre disputada, do Estado Novo, do colonialismo e da resistência democrática antifascista.

Partindo de uma preocupação em pensar os usos do passado, este congresso propõe-se debater em torno da experiência, representação e rememoração da violência quer do passado colonial em Portugal, quer do processo de descolonização. Assim, procurar-se-á identicamente dar centralidade à Guerra Colonial, questionando o seu significado de rutura ou de continuidade estrutural, e sua interpretação e influência na realidade pós-colonial da ex-metrópole e das ex-colónias. Finalmente pretende-se discutir o lugar da Revolução de Abril nesta história não só como o grande catalisador de mudança, mas também como como consequência direta da violência colonial e como pedra basilar de uma sociedade democrática pós-colonial em permanente tensão com o seu passado.

Linhas temáticas
  • O colonialismo tardio português dos anos 1960 e 1970, o canto do cisne da “Missão Civilizadora”: desenvolvimento do território e “conquista” das populações;
  • A violência como legado: o impacto duradouro da violência colonial no processo político português e africano antes e depois de Abril;
  • A relação entre a Guerra Colonial, o fim do Estado Novo e a Revolução dos Cravos;
  • 25 de Abril de 1974, de África até ao Carmo: a preponderância africana e do passado colonial nos destinos portugueses;
  • Legados e memórias coloniais para a posteridade democrática: ex-combatentes, retornados. (re)integração social económica e política num contexto revolucionário;
  • Três dimensões memoriais paralelas: a memória da Guerra, a memória da Revolução, a memória da descolonização;
  • As narrativas históricas e políticas do regime democrático português, nomeadamente na sua abordagem ao colonialismo, ao fim do império e ao fim do Estado Novo;
  • O fim do império e a Europa: a integração europeia e as novas identidades nacionais;
  • Portugal visto de África: a perspetiva das ex-colónias;
  • As relações com os países independentes: os legados do colonialismo em Portugal e em África;
 
 
Entrada livre!

Programa
 
Comissão Organizadora: Ana Sofia Ferreira (FLUP e IS/FLUP), Bruno Madeira (UM e CITCEM), Carlos Martins (IUE, Florença), Manuel Loff (FLUP e IHC-NOVA-FCSH/IN2PAST, Sérgio Neto (FLUP e CITCEM), Sílvia Correia (FLUP e IS/FLUP).


cartaz



Congreso: Guerra, Revolución y Retorno: 50 años después, la memoria de un Portugal europeo, democrático - ¿y descolonizado?

 

El 50º aniversario de las últimas transiciones democráticas en Europa Occidental (Portugal, España y Grecia) tienen lugar en un momento caracterizado por una deriva antidemocrática sin precedentes desde hace décadas y por el cuestionamiento sistemático de algunos de los supuestos sociales, políticos y económicos que han caracterizado la democracia desde el final de la Segunda Guerra Mundial - entre otros, la consagración efectiva del derecho de autodeterminación y la exigencia política y moral de la descolonización. El debate público, con su inevitable dimensión política, que está teniendo lugar actualmente en torno al significado del 25 de Abril de 1974 demuestra, por un lado, que el paso del tiempo por sí solo no presta consenso a la interpretación de los cambios históricos y, por otro, que el debate académico riguroso y crítico, apoyado en una reflexión y una investigación históricas exhaustivas, está permanentemente de actualidad.

Este debate y la investigación son tanto más urgentes cuanto que, en el momento en que se conmemoran los 50 años de la Revolución de los Claveles, narrativas simplistas siguen informando el debate político, incapaces de un análisis profundo y a largo plazo de lo que fueron, son y seguirán siendo en el futuro las grandes transformaciones desencadenadas por el movimiento militar liderado por el MFA. En 2024, gran parte del debate público sigue dependiendo de motivaciones en línea con la herencia del 25 de Abril, o, por el contrario, que le son abiertamente hostiles, ignorando en gran medida cómo el Portugal democrático de hoy fue y es moldeado por la violencia de una colonización que se creía diferente ("lusotropical"); por la violencia de 13 años de Guerra Colonial y sus profundas consecuencias; por un bienio (1974/1976) de transformaciones sin precedentes en la historia contemporánea portuguesa (revolución social, política y económica, y fin de la dominación colonial); por una descolonización compleja, generadora de nuevas naciones y de retornos; por el fin efectivo de cinco siglos de historia imperial; por el regreso de miles de retornados, combatientes y por sus procesos de (re)integración social y económica; y, por último, por la memoria, individual, colectiva, pero también política, una memoria siempre disputada de Abril, del Estado Novo, del colonialismo y de la resistencia democrática antifascista.

Partiendo de la reflexión sobre los usos del pasado, este congreso pretende debatir sobre la experiencia, la representación y el recuerdo de la violencia, tanto en el pasado colonial de Portugal como en el proceso de descolonización. También se centrará en la Guerra Colonial, cuestionando su significado como ruptura o continuidad estructural, y su interpretación e influencia en la realidad poscolonial de la antigua metrópoli y de las antiguas colonias. Por último, se busca debatir el lugar de la Revolución de Abril en esta historia, no sólo como gran catalizador del cambio, sino también como consecuencia directa de la violencia colonial y como piedra angular de una sociedad democrática poscolonial en permanente tensión con su pasado.

Líneas temáticas:

  • El tardocolonialismo portugués de los años 60 y 70, canto del cisne de la "Misión Civilizadora": desarrollo del territorio y "conquista" de las poblaciones;
  • La violencia como legado: el impacto duradero de la violencia colonial en el proceso político portugués y africano antes y después de Abril;
  • La relación entre la Guerra Colonial, el fin del Estado Novo y la Revolución de los Claveles;
  • 25 de Abril de 1974, de África al Largo do Carmo: la preponderancia de África y del pasado colonial en los destinos portugueses;
  • Legados coloniales y memorias para la posteridad democrática: excombatientes, retornados, (re)integración social, económica y política en un contexto revolucionario;
  • Tres dimensiones memoriales paralelas: la memoria de la Guerra, la memoria de la Revolución, la memoria de la descolonización;
  • Las narrativas históricas y políticas del régimen democrático portugués, especialmente en su aproximación al colonialismo, el fin del imperio y el fin del Estado Novo;
  • El fin del imperio y Europa: integración europea y nuevas identidades nacionales;
  • Portugal visto desde África: la perspectiva de las antiguas colonias;
  • Las relaciones con los países independientes: los legados del colonialismo en Portugal y África;

 


La organización no cobra por la inscripción.

 

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