Resumo (PT):
O estigma é ainda considerado uma das maiores barreiras no acesso aos cuidados
de saúde mental, e um dos principais factores de isolamento, de sofrimento, de
solidão e de exclusão de pessoas com doença mental. Apesar do longo percurso de
utilização das artes em processos de intervenção psicossocial, tanto enquanto
terapêutica complementar, como enquanto forma de expressão e de mediação, são
reduzidas as iniciativas em Portugal que aplicam práticas e técnicas teatrais, em
particular para trabalhar as temáticas da doença mental. Esta investigação
acompanhou um projecto de criação de uma peça de teatro, que combinou pessoas
com doença mental e profissionais das artes cénicas, tendo por objetivos explorar a
utilização de métodos e práticas teatrais como meio de desenvolvimento psicológico,
cognitivo e social, e o seu impacto ao nível da visibilidade e representatividade de
pessoas com doença mental. Foi utilizada uma metodologia combinada de
observação semi-participante e entrevistas. Os resultados da análise dos dados
evidenciaram que o teatro e a dramaturgia podem constituir uma abordagem que
contribui para a recuperação e bem-estar de pessoas com doença mental, pelo seu
potencial de recovery e de desenvolvimento psicossocial. De igual forma, além do
impacto intrapessoal, considera-se que as artes performativas proporcionam
instrumentos de diálogo com a comunidade, e com os familiares e pessoas próximas
em particular. Pelo seu elevado potencial emancipatório, este tipo de intervenções
deve ser incluído no repertório de intervenções psicossociais de apoio a pessoas com
doença mental, em contexto comunitário.
Language:
Portuguese
No. of pages:
54