Resumo (PT):
No Porto, nas décadas que antecederam a implantação da República, não existia um sector industrial alargado e vigoroso, muito menos uma economia firme e estabilizada que justificasse a produção em massa de casas para o operariado. Daí que as soluções encontradas para alojar as classes trabalhadoras nunca tivessem assumido a escala urbana das vilas operárias de França ou de Inglaterra; no entanto, é de notar o esforço por implantar na cidade novos modelos que poderemos denominar de intermédios, ou seja, situados entre a utópica cidade-jardim de Ebenezer Howard e o pragmatismo social democrata das cités ouvrières.
O bairro operário de Monte Pedral projectado em 1899 pelo arquitecto portuense Marques da Silva, tal como a restante experiência impulsionada pelo jornal O Comercio do Porto na cidade, sintetiza à escala nacional um quadro de valores e de concretizações que rivalizavam com as mais avançadas práticas no sector da habitação operária europeia. Do seu lastro assomam temas tão diversos como o então debate politico relativo á “questão social” do alojamento urbano precário, a discussão disciplinar sobre a formação beaux-arts ou politécnica do arquitecto e a sua responsabilidade social ou, a natureza e o tráfico de modelos arquitectónicos e das fórmulas de financiamento e gestão da sua construção.
Assim, partindo de uma breve análise do processo local de construção do bairro do Monte Pedral, a apresentação recorre a um conjunto de leituras convergentes que permitem situar esta obra de Marques da Silva num quadro mais alargado de referencias internacionais que, em nosso entender, está na origem das modernas práticas da habitação social do primeiro pós-guerra.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific