Resumo (PT):
Introdução:O objectivo deste estudo foi a avaliação da regressão da massa ventricular esquerda, seus determinantes e consequências. Material e métodos:Estudo prospectivo em 36 doentes(dts) com estenose aórtica severa isolada, submetidos a cirurgia de substituição valvular (SVA). Critérios de exclusão: outras lesões valvulares de grau maior que ligeiro, doença coronária significativa, fibrilhação auricular. Analisados dados demográficos, clínicos e ecocardiográficos antes e após 6 meses da SVA. Foram usados os critérios da SEC para a definição de insuficiência cardíaca diastólica (ICD). Resultados:Na amostra global 50% (n=18) eram do sexo masculino e a mediana de idade foi de 64,5 anos (P25-75:57,5-71,75). História de hipertensão arterial (HTA) em 44,4% (n=16) e diabetes mellitus em 16,7% (n=6). Classe I/II NYHA em 75% (n=27), restantes em classe III. Avaliação pré-operatória: fracção de ejecção do VE 64,5% (FEjVE P25-75:61,5-69%), velocidade máxima do fluxo aórtico 4,82m/s (VAomax P25-75:4,41-5,12m/s), área válvula aórtica indexada 0,38 (AVAi P25-75:0,31-0,44), hipertrofia ventricular esquerda 88,9% (n=32), mediana da massa ventricular esquerda indexada 138,18g/m2 (MVEi P25- 75:117,65-156,85g/m2). Existiam critérios de ICD em 66,7% dos dts. As válvulas utilizadas foram biológicas em 55,6 % dos casos e o tamanho foi ² 21 mm em 52,8%. As complicações pós-operatórias ocorreram em 41,7% dos casos (n=15) e o tempo de internamento foi de 6 dias (P25-75: 5,25-7dias). Avaliação pós-operatória: FEjVE 65% (P25-75: 62,62-69,87%), VAomax 2,65m/s (P25-75: 2,40-3,0m/s), e AVAi 0,85 (P25-75: 0,74-1,04), hipertrofia ventricular esquerda 47,2% (n=32), mediana da MVEi 103,26g/m2 (P25-75: 98,09-117,09g/m2). Existia ICD em 44,4% dos dts. Metade dos doente tinham mismatch prótese-doente, a qual era grave em 27,7% destes. Houve melhoria da classe NYHA em 63,9% dos dts. Verificou-se redução percentual significativa da MVEi de 21,37% (P25-75:15,96-26,79%;p<0,001). A regressão da MVEi foi significativamente maior nas mulheres que nos homens (p=0,04) e associou-se a melhoria da função diastólica (p=0,01), embora sem relação com a classe funcional. Não se encontrou associação entre a regressão da MVEi e a idade, a VAomax e AVAi pós-operatória, a existência de mismatch prótese-doente, as complicações pós-operatórias ou o tempo de internamento. Conclusão:Na amostra estudada verificou-se redução significativa da MVEi após substituição da válvula aórtica. A regressão foi significativamente maior nas mulheres, apesar de não existir diferença na MVEi pré-operatória entre os sexos. Esta redução associou-se a melhoria da função diastólica, embora sem relação com a classe funcional. A existência de mismatch prótese-doente não influenciou a regressão da massa ventricular.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific
Notes:
Gavina C, Azevedo A, Nolasco A, Lopes R, Almeida J, Pinho P, Maciel MJ, Rocha Gonçalves F, Leite-Moreira A. Regressão da massa ventricular esquerda após substituição da válvula aórtica em doentes com estenose aórtica isolada. Rev Port Cardiol 2008; 27:I-89. XXIX Congresso Português de Cardiologia, Vilamoura 2008