Processamento Emocional enquanto diferença individual relativa à Saúde

• Type: Article in National Scientific Journal
• Date: 2006

Authors

Verissimo R (Author) FMUP

Journal

Title: Arquivos de Psiquiatria

Vol. 3 No. 1

Pages: 25-42

ISSN: 1646-3943

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Resumo (PT): A evolução da aproximação científica a certo tipo de alterações reconhecidas à partida como de natureza psicossomática, passou pela formulação de múltiplos modelos de patogenicidade que, partindo da conversão, foram incorporando na análise fenomenológica conhecimentos empíricos oriundos dos estudos sobre a activação fisiológica, o stress e a reacção neuro-humoral; e mais tarde, neste mesmo contexto, a imunidade. O que nos dizem a dada altura as abordagens clássicas sobre este tipo de doentes, ditos psicossomáticos, é que estamos em regra face a pessoas calmas, não muito afirmativas e reservadas por natureza, que vão nutrindo em si traços depressivo-compulsivos e uma atitude hipocondríaca em relação aos seus sintomas, que descrevem até ao pormenor. Provavelmente com um conflito de base mais evidente repousando num impasse entre necessidades de dependência e autonomia, que nos remete para uma vinculação perturbada na infância. Assim teremos alguém cujas tendências expansivas em direcção à independência colidem com a insegurança e o medo da separação; ora essa impossibilidade de resolução, com reactivação permanente, torna-nos compreensível a síndroma disfuncional autonómica e tudo o mais que lhe pode seguir. E aqui, como diz Petzold [1], “se alguma coisa há que pode ser útil em termos psicoterapêuticos, é a verbalização daquilo para que o paciente não dispõe de palavras.” E acrescenta: “se o termo stress não existisse, teria de ser inventado por razões terapêuticas.” Mais recentemente, em relação a situações particulares corporizadas nestas “condições psicossomáticas”, surgiram na clínica novas formulações que, pese embora indo de encontro a um mesmo desfecho de activação mantida porque não regulada, nos oferecem agora perturbações que se presumem de natureza deficitária. E aqui a logoterapia interpretativa não só esbarra contra uma parede intransponível de concretismo e falta de insight, como pode ser mesmo contraproducente; uma vez que constitui um estímulo mais que, na falta de capacidade de mentalização reguladora, se pode vir a traduzir num agravamento do quadro. Ora estas formulações mais recentes têm vindo a consolidar-se com estudos neurobiológicos — possíveis graças às novas técnicas de imagiologia cerebral —, estudos experimentais sobre a reactividade fisiológica, pesquisas etiológicas incidindo no âmbito do desenvolvimento e da vinculação, estudos sobre as relações com outros constructos de personalidade implicados em saúde mental e física, e ainda estudos sobre a associação com tais problemas de saúde; e designadamente longitudinais/preditivos no sentido de esclarecer tal relação.

Abstract (EN): Disorders recognized as psychosomatic in its nature have been successively approached by many scientific explanations. Starting with conversion, the phenomenological analysis has incorporated empirical knowledge that came from studies on the physiological activation, stress and neuron-hormonal reaction; and later, in this very context, immunity. Classical approaches to this kind of patients, known as psychosomatic, describe them as calm persons, not very assertive and reserved by nature; who nurture depressive-compulsive traits in themselves, and an hypochondriac attitude regarding their symptoms, which they describe in detail. Probably with a background conflict more evident while relying on an impasse between dependence and autonomy needs, which points to a disturbed attachment in infancy. This way we will have someone whose expansive tendencies towards independency collide with insecurity feelings and separation anxiety; thus that impossible resolution, with a permanent reactivation, makes it understandable the autonomic dysfunctional syndrome and everything else that may follow. And here, as Petzold says [1], “if there is something that may by therapeutically useful, that is the verbalization of what the patient does not have words for.” And adds: “if the word stress didn’t exist, it would have to be invented by therapeutic reasons”. More recently, regarding particular conditions embodied in these “psychosomatic conditions”, some new formulations came up in clinical practice that, although addressing the same outcome of sustained activation while non regulated, they offer us now disturbs presumed as deficits. And in this case logotherapy not only has to face an insurmountable wall of concreteness and lack of insight, as it may even be self defeating; once it is one more stimulus that, while lacking regulatory metallization capacity, can prove as another factor contributing to the worsening of the clinical status. Well now these formulations more recent have been consolidating with neurobiological studies — made possible by new cerebral imaging techniques —, experimental studies on the physiological reactivity, etiological research falling upon development and attachment, studies on the relation with other personality constructs implied in mental and somatic health, and even studies on the association with such health problems; namely longitudinal / predictive in order to enlighten such relation.

Language: Portuguese

Type (Professor's evaluation): Scientific