Resumo (PT):
Introdução:A hipertrofia ventricular esquerda na estenose aórtica associa-se a maior
morbimortalidade intra-hospitalar após substituição da válvula aórtica. O objectivo deste
estudo é avaliar os seus determinantes e repercussões clínicas. Material e métodos: Estudo prospectivo de 53 doentes com estenose valvular aórtica
severa isolada, submetidos a cirurgia de substituição valvular. Critérios de exclusão: outras
lesões valvulares de grau maior que ligeiro, doença coronária significativa, fibrilhação
auricular. Analisados dados demográficos, clínicos, analíticos, ecocardiográficos e
hemodinâmicos. Foram considerados os critérios da sociedade europeia de cardiologia para
a definição de insuficiência cardíaca diastólica (ICD). As variáveis contínuas são sumariadas
como mediana (P25-75) Resultados:Na amostra global 54,7% (n=29) eram mulheres, idade mediana de 66 anos
(P25-75:58-73). História de hipertensão arterial (HTA) em 52,8% (n=28) e diabetes mellitus
(DM) em 17% (n=9). O sintoma de apresentação foi insuficiência cardíaca em 87% (n=46).
Estavam em classe I/II NYHA 73,6% (n=39), os restantes em classe III. A fracção de ejecção
foi de 64,5% (P25-75:60,1-70,1%) e a massa ventricular esquerda indexada de 137,86g/m2
(MVEi, P25-75:117,02-159,77g/m2), sendo que 90,6% (n=48) tinham hipertrofia ventricular
esquerda (HVE). A velocidade máxima do fluxo aórtico foi de 4,81m/s (VAomax, P25-
75:4,43-5,09m/s) e a área válvular aórtica indexada de 0,39 (AVAi, P25-75:0,33-0,45). As
pressões ventriculares esquerdas sistólica e telediastólica foram, respectivamente, de 229
mmHg (P25-75:200,75-241,5) e 22,5 mmHg (P25-75:17,25-33,5). Existiam critérios de ICD
em 69,8% dos dts (n=37). As complicações pós-operatórias ocorreram em 39,6% dos casos
(n=21) e o tempo de internamento foi de 6 dias (P25-75:6-8 dias). O aumento da MVEi
associou-se a menor AVAi (p=0,03) e a pressões tele-diastólicas do VE (PTDVE) aumentadas
(p=0,017), mas não se relacionou com a idade, o sexo, história de HTA ou de DM, VAomax
ou com a pressão sistólica ventricular esquerda. Os doentes com maior MVEi apresentaram
mais frequentemente elevação dos valores de peptideos natriuréticos (p=0,015) e critérios
de ICD (p< 0,001), embora não existissem diferenças significativas na classe NYHA. A
presença de MVEi aumentada não teve influência nas complicações pós-operatórias ou no
tempo de internamento. Conclusão: Dos doentes estudados, 90,6% apresentavam HVE. O aumento de massa
ventricular relacionou-se com a diminuição da AVAi e o aumento da PTDVE mas a história
prévia de HTA, o sexo, a idade, a pressão sistólica no VE e a VAomax não tiveram influência.
Este aumento da massa associou-se à presença de IC diastólica, sem repercussão em
parâmetros clínicos como a classe NYHA ou as complicações pós-operatórias.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific
Notes:
XXIX Congresso Português de Cardiologia, publicado na Rev. Port. cardiol.2008; Vol.27(Supl.I):I-90.