Resumo (PT):
Com o aumento do número de pacientes com cancro e sobreviventes, enfrenta-se um novo desafio: o impacto a longo prazo dos efeitos adversos do tratamento. Um dos efeitos adversos conhecidos é a neuropatia periférica induzida pela quimioterapia, que cursa com dor neuropática. Os tratamentos desta neuropatia têm eficácia reduzida. As suas causas neurobiológicas têm sido primariamente atribuídas ao dano dos nervos periféricos mas estudos recentes mostram efeitos no cérebro, nomeadamente nos sistemas de modulação descendente da dor. O exercício físico parece associar-se a melhores resultados nos doentes com neuropatia periférica induzida pela quimioterapia mas os mecanismos subjacentes a estes efeitos não foram discutidos, nomeadamente tendo em conta os resultados recentes dos efeitos desta neuropatia nas estruturas cerebrais envolvidos na modulação da dor. Nesta revisão crítica, propomos que os efeitos benéficos do exercício físico também têm causas centrais, devido a mecanismos que atuam na neuroinflamação e no stress oxidativo, e ainda ao envolvimento de fatores neurotróficos, com efeito direto na otimização da modulação endógena da dor, nomeadamente, nos sistemas dos opioides, monoaminas e endocanabinóides. Os efeitos são multifatoriais, uma vez que a melhoria do humor e outros benefícios psicológicos devem ser considerados. Esta revisão crítica sintetiza a literatura disponível para destacar como os efeitos do exercício físico na modulação da dor o tornam numa estratégia promissora na abordagem da neuropatia periférica induzida pela quimioterapia, tanto na perspetiva da prevencação como na do tratamento.
Abstract (EN):
As the number of cancer patients and survivors increases, we face a rising challenge: the long-term impact of treatment's adverse effects. One of the known adverse effects is chemotherapy-induced peripheral neuropathy (CIPN), that courses with neuropathic pain. The treatments of CIPN have reduced efficacy. The neurobiological causes of CIPN have been mainly ascribed to peripheral nerve damage but recent studies show effects in the brain, namely at the descending pain modulatory systems. Physical exercise seems to be associated with better outcomes in CIPN patients but the mechanisms underlying the effects were not discussed, namely taking into account the recent results of the effects of CIPN in brain structures involved in pain modulation. In this critical review we propose that the beneficial effects of exercise in CIPN have also central causes, due to mechanisms that act on neuroinflammation and oxidative stress, and also with the involvement of neurotrophic factors, with a direct effect in optimizing the endogenous pain modulation, namely at opiods, monoamines, and endocannabinoids. The effects are multifactorial as mood improvement and other psychological benefits of exercise should be considered. This review critically synthesizes the available literature to highlight how the pain-modulating effects of exercise make it a promising strategy for managing CIPN, both in preventive and treatment perspectives.
Language:
English
No. of pages:
55
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