Resumo (PT):
O trabalho de investigação que propomos apresentar resulta de uma
abordagem qualitativa desenvolvida desde 2018 com várias organizações do setor
agrícola, identificadas como explorações de agricultura familiar, localizadas no Norte de
Portugal. O objetivo principal é o de analisar as suas dinâmicas funcionais e de
integração no território, de modo a perceber as caraterísticas das suas práticas de
trabalho e lógicas de funcionamento, interpretando-as como traços de rutura ou
continuidade coma economia de mercado capitalista e neo-liberal do modelo económico
dominante. O quadro teórico mobilizado é o das economias diversas (onde podemos
integrar o modelo agroecológico, pela sua abordagem sistémica aos recursos naturais
e socioculturais, e o modelo de economia solidária popular que integra pessoas,
economia e territórios numa perspetiva ética e de justiça social). Como prática de rutura
com uma produção intensiva e massificada do agronegócio, analisaremos a sua
coerência com os princípios e pressupostos da economia solidária popular e da
agroecologia. Como dimensões analíticas fundamentais retemos quer uma vertente
interna às explorações, quer uma vertente externa de relação com o território e os
consumidores. Na primeira, são considerados indicadores relativos aos modos de
produção, a relação com o solo (práticas culturais) e de gestão da exploração. As
características sociodemográficas e pessoais dos produtores e das suas famílias serão
igualmente trabalhadas. Na segunda, importa perceber o conceito de alimento
(mercadoria ou bem comum), as relações de confiança tecidas, bem como a relação de
trabalho/emprego criada. Conclui-se que apesar de uma não identificação com o rótulo
da economia solidária ou com a agroecologia, nem enquanto prática, nem enquanto
movimento social, algumas das suas dinâmicas e lógicas de atuação podem ser lidas
de acordo com esta significação, e, portanto, como práticas económicas diversas.
Abstract (EN):
The research work we propose to present results from a qualitative approach
developed since 2018 with several organizations in the agricultural sector, identified as
family farming farms, located in the North of Portugal. The main objective is to analyze
its functional dynamics and integration in the territory, to understand the characteristics
of its work practices and operating logics, interpreting them as traces of rupture or
continuity with the capitalist and neo-liberal market economy of the dominant economic
model. The theoretical framework mobilized is that of diverse economies (where we can
integrate the agroecological model, due to its systemic approach to natural and sociocultural
resources, and the popular solidarity economy model that integrates people,
economy, and territories from an ethical and social justice perspective). As a practice of
rupture with intensive and mass agribusiness production, we will analyze its coherence
with the principles and assumptions of popular solidarity economy and agroecology. As
fundamental analytical dimensions we retain both an internal aspect of the farms and an
external aspect of the relationship with the territory and consumers. In the first, indicators
relating to production methods, the relationship with the soil (cultural practices) and farm
management are considered. The sociodemographic and personal characteristics of
producers and their families will also be addressed. In the second, it is important to
understand the concept of food (commodity or common good), the relationships of trust
created, as well as the work/employment relationship created. It is concluded that despite
a non-identification with the label of solidarity economy or agroecology, neither as a
practice nor as a social movement, some of its dynamics and logic of action can be read
in accordance with this meaning, and, therefore, as diverse economic practices.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific