Resumo (PT):
A nossa comunicação reporta para um conjunto de reflexões metodológicas
sobre um processo de avaliação externa no âmbito de um projeto de investigação e
intervenção: Projeto MAIs – Mulheres Agricultoras em Territórios do Interior (2020-2023,
Sabugal e São Pedro do Sul). Na linha temporal de execução do projeto, desenhámos
e operacionalizámos um modelo de avaliação de resultados, orientado a montante pela
análise de processo e a jusante pela análise de sustentabilidade. O modelo de avaliação
assentou num pressuposto metodológico consentâneo com a especificidade
epistemológica do projeto: uma avaliação de cariz qualitativo, participado e transversal,
com recurso a técnicas de recolha de informação que integraram tanto a diversidade
dos atores presentes e dos contextos territoriais e sociais, como as contingências
temporais, organizacionais e sociais de execução do projeto. Com base num desenho
assente em quatro momentos (exploratórios, de acompanhamento, de aconselhamento
e de avaliação de resultados), concretizados entre novembro de 2021 e maio de 2023,
o exercício da avaliação externa permitiu-nos refletir sobre o lugar e a importância dos
processos avaliativos participados e horizontais, enquadrados no movimento
agroecológico, que sistematizam ciclos de aprendizagem individual, coletiva e
organizacional, desenvolvidos com, e para, os grupos-alvo e as equipas dos projetos. O
trabalho que realizámos consubstanciou um conjunto de conclusões orientadas para
prefigurar a replicabilidade deste tipo de projetos em condições de sustentabilidade
temporal, social e territorial. Destacamos a dimensão relacional e afetiva como primeiro
passo no processo de empoderamento das populações (relações e redes, momentos
de partilha, lazer e comunhão, preservação de memórias e saberes); a (auto e hetero)
valorização do papel social das mulheres em contexto rural; as aprendizagens técnicas
(das populações e técnicos/as municipais) e as aprendizagens pessoais e
organizacionais (dos técnicos/as e outros atores locais, das equipas de investigaçãoação);
e a crescente valorização das temáticas da igualdade de género e agricultura
familiar, centrais nas agendas políticas nacional e internacional. Fechamos a reflexão
com questões em aberto, que remetem para um desafio que se coloca aos que
protagonizam projetos similares: quais as garantias de sustentabilidade futura dos
resultados obtidos? Para alcançá-las, com recurso às técnicas participativas,
adequadas aos contextos de atuação, exige-se uma presença mais regular e próxima
das equipas de investigação-ação nos territórios, uma maior disponibilidade dos gruposalvo
e mais recursos humanos e financeiros, que permitam reforçar a participação
pública, a capacidade de organização informal ou associativa dos grupos-alvo e
potenciar ciclos de co-aprendizagem orientados para práticas agroecológicas em
territórios rurais.
Abstract (EN):
Our communication concerns a set of methodological reflections on an
external evaluation process within the scope of a research and intervention project: MAIs
Project – Women Farmers in Interior Territories (2020-2023, Sabugal and São Pedro do
Sul). Within the framework of the project execution timeline, we designed and
operationalized a results evaluation model, guided upstream by process analysis and
downstream by sustainability analysis. The evaluation model was based on a methodological assumption consistent with the epistemological specificity of the project:
an evaluation of a qualitative, participatory and transversal nature, using information
collection techniques that integrated both the diversity of the actors present and the
territorial and social contexts, such as the temporal, organizational and social
contingencies of project execution. With a design based on four moments (exploratory,
monitoring, counseling and results evaluation), carried out between November 2021 and
May 2023, the external evaluation exercise allowed us to reflect on the place and
importance of the processes participatory and horizontal evaluations, framed in the
agroecological movement, which systematize individual, collective and organizational
learning cycles, cycles developed with, and for, the target actors and project teams. The
work we carried out embodied a set of conclusions aimed at foreshadowing the
replicability of this type of projects under conditions of temporal, social and territorial
sustainability. We highlight the relational and affective dimension as the first step in the
process of empowering populations (relationships and networks, moments of sharing,
leisure and communion, preservation of memories and knowledge); the (self and hetero)
appreciation of the social role of women in a rural context; technical learning (of
populations and municipal technicians) and personal and organizational learning (of
technicians and other local actors, of action research teams); and the growing
appreciation of the themes of gender equality and family farming, central to national and
international political agendas. We close the reflection with a set of open questions,
which refer to a challenge facing those who carry out similar projects: what are the
guarantees of future sustainability of the results obtained? To achieve them, using
participatory techniques, appropriate to the contexts of action, it is required a more
regular and closer presence of action research teams in the territories, greater availability
of target groups and more human and financial resources, that make it possible to
reinforce public participation and informal or associative organization capacity of target
groups and to enhance co-learning cycles oriented towards agroecological practices in
rural territories
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific