Resumo (PT):
Introdução:
Durante a última década, as terapias com psicadélicos (TP) tiveram um interesse renovado por parte da comunidade científica. Evidências recentes destacam o seu potencial para o tratamento de várias doenças psiquiátricas, como transtorno obsessivo-compulsivo, depressão major e perturbação de stress pós-traumático. Embora a eficácia a curto e médio prazo das TP tenha sido bem documentada, os resultados a longo prazo não têm sido tão robustos ou permanecem menos estudados. A psicoterapia adjuvante tem sido proposta como uma possível forma de melhorar e otimizar as TP, produzindo efeitos mais duradouros e estáveis. Uma vasta gama de modalidades de psicoterapia tem sido utilizada em conjunto com as TP, suscitando a questão: qual psicoterapia funciona melhor no contexto das TP? Procurámos, portanto, esclarecer qual modalidade de psicoterapia produz os melhores resultados (aumento das taxas de remissão no curto e longo prazo) quando combinada com terapias com psicodélicos.
Métodos:
Para encontrar os estudos relevantes para esta revisão sistemática, realizamos pesquisas nas bases da PubMed e da WebOfScience com a seguinte query: (Psilocybin OR ketamine OR MDMA OR DMT OR psychadelic) AND "psychotherapy". Incluímos estudos clínicos com ênfase numa condição psiquiátrica ou psicológica com um protocolo que utilizasse qualquer uma das substâncias psicodélicas típicas (psilocibina, LSD) ou atípicas (MDMA, ketamina) e que aplicasse qualquer protocolo de psicoterapia baseada em evidência. Avaliámos apenas artigos escritos em inglês, lançados até novembro de 2023. Um total de 1035 artigos resultaram da pesquisa, dos quais 277 eram duplicados. Os artigos foram avaliados independentemente por dois autores (com uso do software Rayyan), para determinar a sua elegibilidade; quando os julgamentos diferiam, foram realizados debates até um consenso ser alcançado. Após a triagem de títulos e abstracts de acordo com os critérios supramencionados, 929 foram excluídos e 52 permaneceram. Da leitura integral do texto sobraram 12 artigos.
Resultados:
A nossa pesquisa resultou num conjunto de 12 artigos, 7 estudos controlados randomizados e 5 estudos de braço único, em que participaram um total de 602 participantes. A maioria dos estudos encontrados avaliou depressão resistente ao tratamento, doença depressiva major ou depressão comórbida (n = 8), no entanto, outras patologias foram abordadas, tal como o SPT, a dependência de álcool ou de cocaína, dor crónica e desmoralização devido a doenças crónicas de longo prazo. Foram utilizadas múltiplas substâncias psicadélicas, principalmente a psilocibina (n = 6), a ketamina (n = 5) mas também o MDMA (n = 1). As modalidades psicoterapêuticas também foram variadas e incluíram: CBT, CBCT, terapia de grupo (incluindo SEGT),PCT,ACE,EMDR,MET e MBRP. Todos os protocolos de tratamento que combinaram TP a uma psicoterapia baseada em evidência geraram resultados significativamente positivos.
Conclusão:
Embora a nossa pesquisa tenha encontrado um pequeno número de artigos, os resultados extraídos permitiram-nos gerar uma visão otimista da utilização de modelos de psicoterapia baseados em evidências no contexto das TPs, dado que demonstraram resultados positivos e promissores, como os casos do uso da terapia cognitivo-comportamental para sustentar os efeitos antidepressivos da ketamina ou do uso da mindfulness-based relapse prevention therapy para o tratamento de distúrbios relacionados ao abuso de substâncias. No entanto, são necessárias mais pesquisas que comparem o suporte psicológico convencional às psicoterapias baseadas em evidências. Idealmente, tais estudos devem distinguir entre os efeitos da substância psicodélica e os das intervenções psicoterapêuticas, na tentativa de estabelecer, um modelo como gold-standard nesse campo.
Palavras-chave:
Psicadélicos; MDMA; Psilocibina; Ketamina; Psicoterapia baseada em evidências
Abstract (EN):
Abstract
Introduction:
During the past decade psychedelic-assisted therapies (PAT’s) have garnered a renewed wave of interest from the scientific community. Recent evidence highlights their potential for the treatment of multiple psychiatric illnesses, such as Obsessive-Compulsive Disorder, Major Depressive Disorder and Post-Traumatic Stress Disorder. Even though PAT’s short- and medium-term efficacy has been well documented, the long term results they provide either haven’t been quite as robust or remain not so well studied. Adjuvant psychotherapy has been proposed as a possible way to improve and optimise PAT by way of producing longer and stabler effects. A vast array of psychotherapy modalities have been used in conjunction with PAT, begetting the question: which psychotherapy works best in the context of PAT? We strive, therefore, to clarify which psychotherapy modality yields the best results (increased remission rates in the short- and long-term period) when combined with psychedelic-assisted therapies.
Methods:
To find the relevant studies for this systematic review we searched PubMed and WebOfScience with the query: (Psilocybin OR ketamine OR MDMA OR DMT OR psychedelic) AND "psychotherapy". We included clinical studies with emphasis on a psychiatric or psychological condition with a protocol that made usage of any of the above mentioned typical (psilocybin, LSD) or atypical (MDMA, ketamine) psychedelic substances and that applied any form of evidence-based psychotherapy. We only evaluated English written articles, released until November of 2023. A total of 1035 articles resulted from the search, from which 277 were duplicates. The articles were screened independently by the authors (using the Rayyan software) to determine eligibility; when judgements differed, debates were held until consensus was reached. After screening titles and abstracts according to the above-mentioned criteria, 929 were excluded and 52 retained. From the full text-reading 12 articles remained.
Results:
Our research rendered 12 articles, 7 randomized controlled-trials and 5 open-label, single-arm studies, which included 602 participants in total. Most of the found studies evaluated TRD, MDD or comorbid depression (n=8), nevertheless other pathologies made it to the realm of our study, such as PTSD, AUD, cocaine dependence, chronic pain, and demoralisation due to long term chronic illness. Multiple psychedelic drugs were used, mainly psilocybin (n=6), ketamine (n=5) but also MDMA (n=1). The psychotherapeutic modalities were also varied and included: CBT, CBCT, group therapy (including SEGT), PCT, ACE, EMDR, MET and MBRP. All treatment protocols that paired PAT to an EBT rendered significantly positive results.
Conclusion:
Even though our research yielded a small number of articles, the evidence they provided allowed us to generate an optimistic view of the utilisation of evidence-based psychotherapy models in the context of PAT, as they have shown positive and promising results, for example the use of cognitive-behavioural therapy for sustaining ketamine´s antidepressant effects or the use of mindfulness-based relapse prevention therapy for the treatment of substance use disorders. However, further research comparing conventional psychological support to evidence-based psychotherapies is necessary. Ideally, such studies should distinguish between the effects of the psychedelic substance and those of psychotherapy interventions, ultimately establishing a model as the gold standard in this field.
Keywords:
Psychedelics; MDMA; Psilocybin; Ketamine; Evidence-based psychotherapy
Language:
English
No. of pages:
57
License type: