Resumo (PT):
O rápido crescimento e a mediatização pública e política de práticas de
agricultura biológica suscitam importantes reflexões do ponto de vista sociológico. O
mercado de produção biológica, cujos princípios orientadores assentam em
preocupações de sustentabilidade económica, ambiental e social, adquire legitimidade,
nomeadamente através da procura dos consumidores que privilegiam, no ato da compra,
as condições e meios de produção ¿amigas do ambiente¿ e da saúde. Por sua vez, a
agricultura familiar, pelas suas caraterísticas próprias, assume, de forma mais ou menos
declarada, os princípios que norteiam a agricultura biológica. No artigo procuramos
discutir os primeiros resultados de um projeto de investigação-ação sobre as ¿Pontes
entre a agricultura biológica e a agricultura familiar¿. Através de uma metodologia
qualitativa exploratória procura-se, com base em análise documental e dinamização de 2
grupos focais: (i) identificar os fatores bloqueadores e facilitadores de adesão a práticas
de agricultura biológica; (ii) perceber a existência de processos de resistência à mudança
por agricultores familiares. O objetivo fundamental de compreender os
constrangimentos e fatores potencialmente facilitadores da adoção das práticas de
agricultura sustentáveis, numa lógica de construção futura de recomendações de
políticas públicas de caráter local, regional e nacional, aponta para representações
ambivalentes. Entre as representações favoráveis destacam-se os benefícios para a saúde
e para o ambiente, alguma proximidade entre as práticas tradicionais dos agricultores
familiares e os princípios e técnicas da agricultura biológica, a par de algum apoio
técnico e alguma vontade politica local e nacional. Porém, os graus de escolaridade, dos
agricultores, a carência de formação técnica, conduzem-nos a uma prática agrícola
imediatista, orientada para a rentabilidade de curto prazo, a que se acresce as
dificuldades inerentes a um mercado exíguo e distante, ao preço elevado dos produtos e
ausência de canais de escoamento eficazes.
Abstract (EN):
The rapid growth and the public and political attention to biological agriculture
promote relevant reflections from a sociological point of view. The market of biological
production, whose principles are based on concerns about economical, environmental
and social sustainability, gains legitimacy mainly through consumers who give
preference, when shopping for food, to healthy and environmentally friendly conditions
and means of production. In addition, home farming, through its own characteristics,
takes on board the basic principles of biological agriculture. This article attempts to
discuss the first results of an Action Research project about the ¿Bridges between
Biological Agriculture and Home Farming¿. The aim is to, through an exploratory
qualitative research, based on documental analysis and the work of 2 focus groups: (i)
isolate both the facilitating and obstructing factors of practicing biological agriculture;
(ii) understand existing processes of resistance to change by home farmers. In order to
recommend future public policies, be it at local, regional or national levels, there must
be an understanding of both constraints and facilitators of practicing sustainable
agriculture, which point at very distinct representations. Amongst the favourable
representations it is possible to highlight the health and environmental benefits, some
proximity between traditional agricultural practices by home farmers and the principles
and techniques of biological agriculture, technical support and some political will both
at local and national levels. However, the small amount of years farmers spent at school
and the lack of technical knowledge makes this practice of agriculture focused in shortterm
profitability, adding to the difficulties of a small and distant market, the high cost
of the products, and the lack of effective product flowing channels.
Language:
Portuguese
Type (Professor's evaluation):
Scientific