Numa notícia da agência Lusa, Miguel Santos, que é também investigador Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto explicou que o projeto, intitulado NOR-WATER e financiado pelo programa INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP), pretende "fazer uma caracterização detalhada dos poluentes emergentes e das suas fontes" nos cursos de água das duas regiões.
"Sabemos que os contaminantes emergentes são problemáticos para a saúde dos ecossistemas e para a saúde humana", referiu o docente do departamento de Biologia da FCUP.
Os poluentes emergentes são compostos "ainda pouco caracterizados" e habitualmente "libertados nos ecossistemas", sendo que parte destes poluentes, como fármacos, produtos de uso pessoal, pesticidas e químicos industriais, "não são totalmente removidos" das estações de tratamento de águas residuais (ETAR).
"Portanto, são químicos que ainda não estão regulamentados, mas que se pensa que possa existir um risco para a saúde dos ecossistemas e dos humanos", afirmou o investigador, destacando que o projeto vai ao encontro da Diretiva Quadro da Água da União Europeia.
"Esta diretiva, além de identificar um conjunto de químicos que têm de ser notificados, tem uma lista de químicos que devem ser monitorizados, uma vez que ainda se conhece pouco, mas há evidências de que podem ser bastante tóxicos", explicou.
Nesse sentido, os investigadores do projeto, composto por oito instituições do Norte de Portugal e da Galiza, estão a implementar uma "livraria de compostos" que conta já com 3.200 poluentes analisados nas bacias hidrográficas das duas regiões.
Para detetar estes 3.200 poluentes os investigadores utilizaram "abordagens de largo espetro", sendo que o próximo objetivo passa por desenvolver "metodologias analíticas especificas" para detetar os compostos mais relevantes e comuns, ainda que em concentrações mais baixas.
Além da identificação e caracterização destes compostos, os investigadores pretendem "mitigar a sua presença" e para tal, estão a desenvolver novas tecnologias que possam vir a ser implementadas nas estações de tratamento de água.
O projeto, que termina em maio de 2022, conta, para além do CIIMAR, com o envolvimento da Agência Portuguesa do Ambiente - Administração da Região Hidrográfica do Norte, a Câmara Municipal de Viana do Castelo e a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira.
Do outro lado da fronteira, o projeto tem como parceiros o Centro Tecnológico del Mar -- Fundácion CETMAR, o Instituto Tecnolóxico para o Control do Médio Mariño de Galicia e o Laboratorio de Processos de Separación y Reacción.
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Renata Silva. SICC. 03-11-2020