O Porto enfrentou desde Março de 2020 um processo de transformação muito acelerado que gerou ambientes e atmosferas já há muito tempo não observáveis na cidade. O objectivo desta exposição de 30 serigrafias é reflectir, no âmbito da cidade e do território, a visualização e o registo dessa “nova” e “outra” cidade e do seu espaço público, que se nos revelou de uma forma tão intempestiva, possibilitando a percepção da crueza destes tempos de “novo normal” e revelando uma cidade singular tanto nas suas componentes estéticas como de geração de novas atmosferas, invisibilizada há muito tempo.Mário Mesquita, Porto, 1971. Arquitecto, Urbanista e Artista. É Doutorado em Arquitectura, Mestre em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano e Licenciado em Arquitectura (FAUP). É Professor Auxiliar na FAUP - Projecto 2 (1999/2007), Projecto 1 (2007/2019), e Projecto 5 (2019/ ), sendo Regente da UC "Porto: Territórios e Redes da Invisibilidade". Integra, ainda, a equipa docente das unidades de formação INOVPED "A Comunidade como Prática" e "Portefólio", da "Formação Avançada em Interpretação e Criação Coreográfica" - Companhia Instável, do curso "Beyond Museums Training course" da UNESCO Chair "Water Heritage and Sustainable Development", Ca' Foscari University of Venice (Italy). É Coordenador da Comunidade de Inovação Pedagógica - UP "PTRI". Investigador Integrado no i2ADS, faz parte das equipas de investigadores do CITCEM e R3IAP. É Investigador Principal na Águas e Energia do Porto. É Membro da WAMU-NET UNESCO. Na FAUP, é Vice-Presidente e Secretário do Conselho Pedagógico e Coordenador da plataforma de arquivo exposição Anuária/FAUP.
Nestes tempos de Pandemia, muito da realidade e das debilidades no campo social e urbano ficaram mais expostas, revelando invisibilidades urbanas no campo social, possibilitando, infelizmente perceber uma cidade que, nos dias comuns, se encontra invisibilizada pelo quotidiano acelerado dos dias modernos. Através do registo dessa realidade e, sobretudo da sua utilização como premissa da discussão e debate, julgamos pertinente, numa cidade como o Porto, marcada por diferentes e diversas realidades sociais, reflectir sobre a urbanidade, factor determinante na construção das sociedades contemporâneas, através das suas “feridas” sociais registadas pela “mão que pensa”, captando instantes, situações efémeras, mas também continuidades nos campos social e humano, das quais, frequentemente desviamos o olhar, de tão normalizadas pela actualidade furiosa e acelerada.
Mário Mesquita
Porto, Março de 2023