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Passeio e Conversa #2: A Paisagem da Vaca (programa paralelo à Exposição Território: Casa Comum)
14 de Novembro (Sábado) . passeio 14h00, conversa 18h00 . V.N. Famalicão
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Passeio e Conversa #2 : A Paisagem da Vaca dá-se continuidade ao programa paralelo da exposição
Território: Casa Comum, desenvolvida pelo grupo de investigação Morfologias e Dinâmicas do Território (MDT) do
Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU-FAUP), actualmente patente na Casa do Território em V.N. Famalicão.
Passeio e Conversa #2 : A Paisagem da Vaca
Na velha agricultura do Entre-Douro-e-Minho, a vaca detinha uma função primordial como animal de trabalho, produtor de estrume e de bezerros, integrando um elaborado sistema tecno-económico de produção agrícola familiar de auto-subsistência.
O minifúndio estendia-se das veigas aos socalcos murados para retenção artificial de solo até onde a inclinação do terreno ou os afloramentos rochosos o permitissem. Os altos - mais frescos, ventosos, íngremes e pedregosos - tal como as encostas de maior declive, eram o lugar para os matos usados no fabrico do estrume pelo gado estabulado, e para o corte de árvores para lenha ou construção. Junto à casa, arrecadações e cortes, o gado miúdo, os animais de capoeira, o porco e a horta completavam o leque da produção de onde tudo se aproveitava e reciclava. A explicação desta proverbial fertilidade minhota, para além da doçura do clima e do trabalho duro, residia na mistura, na complexidade, na interdependência e na rotação de culturas só possível pelo uso do regadio e das estrumações frequentes. Do desequilíbrio entre a fertilidade do solo e a fertilidade da gente, saía a corrente persistente da emigração, única forma de fugir à pobreza para os que não tinham grandes quintas ou rendimentos.
A desagregação deste modo de vida e da sua paisagem - a desruralização - pode-se ler através de três derivas distintas: a modernização que significa especialização, tecnologia/industrialização e mercantilização, seja no leite, no eucaliptal intensivo, na estufa, ou na vinha; a fusão da pequena produção agrícola com a habitação (a horta, o pomar o jardim); a disfunção que significa abandono, inculto ou eucalipto em solo pobre e declivoso que, por perda de preço, arde e cresce consoante a estação.
Em plena crise leiteira, o passeio/conversa irá passar pelas paisagens destes acontecimentos e pelos relatos que os explicam.
Programa:
14h00 - Passeio
Casa do Território, V.N. Famalicão
18h00 - Conversa
Casa do Território, V.N. Famalicão
Álvaro Domingues, geógrafo, FAUP
Andreia Santos, veterinária, FAGRICOOP
João Lemos, gestão urbanística, CM VNF
Miguel Malta, responsável do sector do leite, RACOOP
Sónia Marques, engenheira florestal, ASVA
Participação gratuita, sujeita a inscrição prévia:
casadoterritorio@vilanovadefamalicao.org
+351 252 374 184
Ciclo Passeio e Conversa
É a percorrer o território, e a falar do que aí se viu, que melhor podemos compreender o lugar que habitamos. Por isso, a exposição Território: Casa Comum é complementada pelo ciclo Passeio e Conversa - um dia por mês, um tema diferente dá o mote para uma excursão pelo território do Médio Ave, seguido de uma conversa com alguns dos principais intervenientes locais e especialistas sobre o assunto do dia.
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