Resumo (PT):
No âmbito do coaching, surge o conflito como um elemento central. A sua complexidade é indissociável das relações de poder entre treinadores e entre treinadores e atletas, bem como da emergência de atuações micropolíticas inerentes às interações sociais. Todavia, ainda impera o preconceito do conflito como algo de negativo. Consequentemente, o objetivo deste trabalho é sensibilizar para a importância de enquadrar o conflito no âmbito do treino desportivo e analisar as estratégias para sua resolução, recorrendo a lentes que entendem ser o conflito inerente, ubíquo e, inclusivamente, fator necessário ao
desenvolvimento. Através da orquestração, é possível promover uma nova compreensão do processo de treino. Neste contexto, será fulcral o treinador entender as posições de poder nas suas relações com os atletas. O desenvolvimento de skills associadas ao noticing permitirão absorver a complexidade dos eventos, enquanto o aperfeiçoamento de estratégias micropolíticas adequadas resultará num aproveitamento dos conflitos enquanto fatores de desenvolvimento dos atletas e dos próprios treinadores. Neste estudo, procurámos analisar este processo num contexto real de treino, recorrendo a treinadores de ginástica artística feminina de um clube. Os seus treinos foram filmados e foram tomadas notas de campo. Após cada sessão de treino, uma entrevista semiestruturada foi elaborada e aplicada aos treinadores envolvidos. Procurámos estruturar um tecido coerente e – esperamos – interessante com base nos dados recolhidos, tentando relacionar os eventos com questões teóricas mais abrangentes, mas tendo em mente que as especificidades pessoais e contextuais são nucleares. Esperamos, com este modesto contributo, gerar curiosidade na comunidade de treinadores, professores e investigadores, estimulando novas pesquisas, traçando um caminho de enriquecimento da nossa compreensão de um singelo cantinho da atuação humana.
Abstract (EN):
In the context of coaching conflict naturally emerges as a core element. Its complexity inextricably connected to the relationships of power established between coaches, and also between coaches and athletes. In this context, micropolitical actions emerge. Notwithstanding the pervasive presence of conflict, this concept is still largely viewed through negatively biased lens. Consequently, the aim of this work is to address the importance of conflict in sports training, as well as strategies for resolving emerging conflicts. In this regard, conflict will be addressed as a ubiquitous phenomenon; even more, as a necessary factor for development. Through orchestration, it possible to promote a novel understanding of sports training. In this vein, the coach should acquire a sound perception of the relationships of power established between the different
stakeholders. Developing skills related to noticing the reality will allow absorbing the complexity of the events, while micropolitical actions might be undertaken in order transform conflicts into developmental opportunities. In this study, we attempted to analyse this process within a real training context, considering the practices of coaches of female Artistic Gymnastics of a reference club. The training sessions were filmed and field notes were taken. After each training session, a semi-structured interview was elaborated and applied to the coach. We endeavoured to create a coherent fabric from the collected data and – hopefully – interesting for the readers. The registered events were scrutinized with theoretical lenses, although considering that personal and contextual specificities are paramount. With this modest contribution, we hope to generate curiosity in the coaches, teachers and researchers, stimulating novel researches, thereby paving the way for a progressive enlightenment of our understanding of a modest little corner of human performance.
Idioma:
Português