Saltar para:
Logótipo SIGARRA U.Porto
This page in english A Ajuda Contextual não se encontra disponível Autenticar-se
Você está em: U. Porto > Memória U.Porto > Antigos Estudantes Ilustres U.Porto: Armanda Passos

Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Armanda Passos

Fotografia de Armanda Passos / Photo of Armanda Passos Armanda Passos
1944-2021
Pintora



Fotografia de Sabedoria, óleo de 1990 (colecção da Reitoria da U.Porto) / Photo of Sabedoria, oil, 1990 (collection of the Rectory of the U.Porto)Armanda Passos nasceu a 17 de fevereiro de 1944. Apesar de toda a sua família viver na cidade do Porto, e de aí terem nascido os seus irmãos, por vontade da sua avó materna o parto aconteceu no Douro, no Peso da Régua. Poucos dias depois do nascimento, veio para o Porto, cidade onde cresceu e estudou. E escolheu o Porto para viver e morrer.

Licenciou-se em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto), com a classificação de 19 valores em Pintura, disciplina então regida por Júlio Resende. Ainda como aluna, foi convidada por Ângelo de Sousa para monitora de Gravura, disciplina que lecionou durante quatro anos. Expôs regularmente desde 1976, ano em que fez a sua primeira exposição no Museu de Aveiro.

Expôs individualmente em Portugal e no estrangeiro, destacam-se Paintings and drawings (Londres, 1989); "Ibériques" Galerie du Cygne (Genebra, 1993); "Reservas", na Casa Andresen e "Obra Gráfica", na Reitoria da Universidade do Porto, as únicas dedicadas a um artista plástico por ocasião das comemorações do Centenário da UP (2011); "Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas", por ocasião do seu 75º aniversário, no edifício histórico da Universidade do Porto, (2019). Representou Portugal em vários certames internacionais, de que são exemplo a exposição Portuguese Contemporary Artists, no World Trade Center (Nova Iorque, 1985), a V Biennal of European Graphic Art (Heidelberg, 1988), a Exposition Internationale de la Gravure – Intergrafia 91 (Katowice, Polónia, 1992) e a mostra no Centre de la Gravure et de l’Image Imprimée, (La Louvière, Bélgica, 1992).

Intensa e complexa, a sua obra suscitou textos produzidos não apenas por críticos da especialidade, mas também por escritores e historiadores como: Fernando Pernes, José Saramago, Vasco Graça Moura, Urbano Tavares Rodrigues, Eduardo Prado Coelho, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Mário Cláudio, Armando Silva Carvalho, Mia Couto, Raquel Henriques da Silva, Luís de Moura Sobral ou José-Augusto França.

Os seus óleos estão representados em coleções do país como: Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Champalimaud, Fundação Oriente, Museu Coleção Berardo/Centro Cultural de Belém, Coleção Millennium BCP, Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Assembleia da República, Reitoria da Universidade do Porto, Museu FBAUP, Museu de Serralves, Universidade Católica do Porto, Museu do Douro, Museu Amadeo de Souza-Cardoso, Tribunal de Contas, Tribunal Constitucional, Procuradoria Geral da República e Presidência da República - sala do Conselho de Estado.

Armanda Passos distinguida pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem de Mérito (fotografia) / Armanda Passos distinguished by the President of the Portuguese Republic as Commander of the Order of Merit (photo)Ao longo da sua vida Armanda Passos alcançou importantes distinções: em 2012, no Dia de Portugal, a atribuição da Comenda da Ordem do Mérito, pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa; a inauguração da pintura "Arca de Noé", nas comemorações dos 50 anos do Palácio da Justiça do Porto (2012), numa cerimónia que contou com a presença da então Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz. A pintora também conquistou diversos prémios, como o Prémio do Ministério da Cultura, entregue pelo Primeiro-Ministro Mário Soares e pelo Vice-primeiro-ministro Carlos Mota Pinto (1984, Lisboa) na exposição Homenagem dos artistas portugueses a Almada Negreiros, ou o Prix Octogne (1997, Charleville, França).

Fotografia da Casa de Armanda Passos (atelier) / Photo of the House of Armanda Passos (workshop)Em 2005, idealizou e construiu no Porto a Casa Armanda Passos, projetada por Álvaro Siza. Uma Casa-ateliê destinada a reunir, conservar e tornar acessíveis ao público as obras guardadas pela pintora ao longo da vida. "Enquanto viveu – a Casa era a Armanda. E assim continuará." (Álvaro Siza, 2022).

Antes de morrer, a Autora fez doações de grande significado: 84 obras ao Museu do Douro, sediado no Peso da Régua, lugar do seu nascimento; e para a sua cidade do Porto, deixou 6 óleos de grande presença, ao seu vizinho Museu de Serralves, obras que muito estimava e mantinha expostas na sua Casa-atelier.

Armanda Passos encontrou-se com o cancro. Lutou sem uma queixa. Foi uma mulher estóica. A 19 de outubro de 2021 deixou de viver. Estava em sua Casa, rodeada pelos seus companheiros inseparáveis, a sua filha Fabíola e o seu cão Goji. O seu último desenho foi gravado na parede principal da capela onde se encontra sepultada, no Cemitério da Lapa, no Porto.

Armanda Passos foi uma das maiores pintoras portuguesas. Escolheu viver sempre em Portugal. Independente, solitária, alheia a modismos, a sua pintura foi uma forma de resiliência e vanguarda nos finais dos anos 70, num país que não era aberto a mulheres pintoras: as suas telas inconfundíveis revelam a força de um imaginário portentoso, a originalidade da criação, as proporções míticas da Mulher e do Animal. Cada quadro torna-se por isso tão identificável que lhe dispensaria assinatura. Mais do que uma extraordinária pintora, foi uma extraordinária criadora. Nas palavras de Lídia Jorge (2022), Armanda Passos "não tinha modelo, não pertencia a movimentos, não alimentava estratégias, não tinha outra finalidade que não entregar-se ao mundo que a habitava". Não teve marido artista que a impulsionou no meio das artes, como outras pintoras. Com uma personalidade aberta à intuição pura, criou um planeta de seres, paralelo ao nosso, habitado por mulheres-fronteira e animais sem catalogação biológica, deixando-nos o desafio de decifrar os códigos da sua imaginação poderosa. A obra inquieta-nos, sem nos violentar "É terapêutica pura: liberta, fascina, faz bem. E é intemporal" (Leonor Beleza, 2022).

A título póstumo, Armanda Passos recebeu, através da sua filha, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. Presentes na cerimónia solene, realizada no Palácio de Belém, estiveram Leonor Beleza, o general António Ramalho Eanes e sua mulher, o professor Aníbal Cavaco Silva e sua mulher e, ainda, António de Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto, em dezembro de 2022.

Um ano após a sua morte, foi homenageada em Lisboa, pela Fundação Champalimaud, com a primeira retrospetiva de pintura a óleo. Nunca lhe tinha sido feita uma retrospetiva da sua obra. A inauguração contou com os discursos de Lídia Jorge, Miguel Cadilhe e da curadora Fabíola Passos, sua filha. "A primeira retrospetiva de Armanda Passos confirma a força da sua obra e o que perdemos em não a ter visto até hoje assim", escreveu Cristina Margato ("Além do Cérebro Racional", Expresso, Revista 23.12.2022).
(Reitoria da U.Porto / Unidade de Cultura, Fabíola Passos, 2023)

Recomendar Página Voltar ao Topo
Copyright 1996-2024 © Universidade do Porto Termos e Condições Acessibilidade Índice A-Z Livro de Visitas
Última actualização: 2023-01-18 Página gerada em: 2024-04-24 às 22:59:29 Denúncias