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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Tiago de Oliveira

Tiago de Oliveira 1928-1992 Matemático, estatista e professor

Tiago de Oliveira nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique, a 22 de Dezembro de 1928. Era filho de durienses naturais da Régua, defensores dos ideais republicanos.
Em África viveu a infância e a adolescência, já nesses tempos demonstrando ser dotado de grandes capacidades intelectuais. Lia muito, nomeadamente obras de Bertrand Russel, e interessava-se por línguas. Além do Inglês, dominava o Landim (dialecto de Moçambique), tinha conhecimentos de Francês e estudou, de moto próprio, o Grego Clássico. Eugénio Lisboa, seu amigo de longa data, afirmou que ele era um jovem inteligente, enérgico e um leitor compulsivo de livros de Ciência e de Filosofia.

Em 1945 obteve uma bolsa patrocinada pela Caixa Económica Postal, que lhe possibilitou a continuação dos estudos em Portugal. Viajou, então, com destino ao Porto, onde pensava frequentar Engenharia Naval. Mas logo mudou de planos. Segundo dizia, a sua vocação foi descoberta num livro de Estatística comprado na escala que fez no Lobito, pouco antes de vir para a metrópole.

Na Invicta, matriculou-se no Curso de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que concluiu em 1949 com a classificação de dezoito valores. Em 1950 terá terminado, na mesma instituição, a licenciatura em Engenharia Geográfica.
Durante a licenciatura, a par dos estudos dedicou-se a outras atividades. Participou na Queima das Fitas, integrou o MUDJ (Movimento de Unidade Democrática Juvenil) e participou em tertúlias.

O seu ativismo político em prol da Democracia prejudicou o início da sua carreira profissional, pois, apesar das suas excelentes habilitações, foi impedido de ser nomeado professor na Universidade do Porto, em dois concursos nos quais ficou classificado em primeiro lugar.

Em 1951, trocou o Porto por Lisboa, para trabalhar no Instituto de Biologia Marítima (1951-1953). Nesse ano, casou com Ermelinda de Oliveira Brandão, oriunda de uma família opositora ao regime, com quem teve três filhos, e foi convidado pelo antigo professor António Almeida Costa a lecionar, como 2º Assistente, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Depois de vários trabalhos sobre Estatística, temática a que voltaria em 1962, publicou obras sobre Álgebra em parceria com o Professor António Almeida Costa, um tema muito caro aos dois investigadores.
Após a defesa da tese de doutoramento – "Residuais de Sistemas e Radicais de Anéis", na Faculdade de Ciências de Lisboa, trabalhou entre 1957 e 1965 como 1º Assistente da Universidade de Lisboa. Em 1963 prestou as provas de Agregação, com a dissertação "Estatística de Densidades; Resultados Assintóticos" e no ano letivo de 1967/1968 foi nomeado Professor Catedrático de Estatística Matemática, na mesma Faculdade.

Em 1971 gozou um ano sabático, durante o qual se envolveu na reforma do ensino, por solicitação do Ministro da Educação, José Veiga Simão, e proferiu conferências em Angola, Israel, Grécia e E.U.A.

Nos anos setenta integrou a Maçonaria Portuguesa e o Partido Socialista, vindo depois a fazer parte dos governos de 1977/1978 e de 1988/1989.
Ultrapassada a experiência política, dedicou-se exclusivamente à Universidade, nela chegando a presidir o Grupo de Matemática Aplicada da Faculdade de Ciências. Em 1988 transferiu-se para a Universidade Nova de Lisboa, onde fundou o Laboratório de Estatística e Matemática Actuarial.

Este eminente cientista e professor morreu a 23 de Junho de 1992, vítima de problemas cardíacos.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)