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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Jorge de Sena

Fotografia de Jorge de Sena / Photo of Jorge de Sena Jorge de Sena
1919-1978
Poeta, escritor, professor e tradutor



Escultura de Jorge de SenaJorge Cândido de Sena nasceu em 2 de Novembro de 1919, em S. Jorge de Arroios, Lisboa, no seio de uma família da alta burguesia. Era filho único de Augusto Raposo de Sena, natural dos Açores, de ascendência aristocrata e comandante da Marinha Mercante, e de Maria da Luz Grilo de Sena, doméstica, natural da Covilhã, a qual tinha laços familiares na burguesia portuense.

Frequentou a instrução primária no Colégio Vasco da Gama, entre 1926 e 1931, transferindo-se neste último ano para o Liceu Camões, onde foi aluno de Rómulo de Carvalho na disciplina de Físico-Química, nos 6º e 7º anos do Curso Complementar dos Liceus.
Na Faculdade de Ciências da capital frequentou os cursos preparatórios, concluídos com a melhor classificação do seu curso, aos dezassete anos de idade.
O pai esperava que ele seguisse, à sua imagem, uma carreira na Marinha, enquanto a mãe lhe oferecia uma educação musical.
Começou a escrever em 1936.

Imagem de Jorge de Sena, pelo caricaturista Vasco / Jorge de Sena Image, by cartoonist VascoEm 1937 matriculou-se na Escola Naval, como primeiro cadete, no Curso do Condestável. Acontecimentos infelizes ocorridos durante a viagem de instrução realizada a bordo do navio-escola Sagres, relacionados com a rigidez das normas, precipitaram a sua expulsão da Marinha no ano seguinte.
Este episódio traumático da sua adolescência, que coincidiu com a fascização do Estado e a luta pela liberdade em Espanha, viria a ser evocado, mais tarde, em várias das suas obras.

Estreou-se como escritor com a publicação de Perseguição, em 1942.

Após a saída da Marinha procurou uma nova profissão condizente com o seu estrato social, inscrevendo-se então no curso de Engenharia Civil, em Lisboa. Contudo, em 1940 transferiu-se para a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. No ano letivo de 1942-1943 reprovou e viu-se na contingência de cumprir o serviço militar.

Retomou os estudos em 1943 e, em 1944, enfrentou algumas dificuldades financeiras na sequência da morte do pai e da avó materna, que puseram em perigo a conclusão da licenciatura. Essas contrariedades foram, no entanto, ultrapassadas com a ajuda monetária dos amigos Ruy Cinatti e José Blanc.
Em 1947 iniciou a carreira de engenheiro civil, na Câmara Municipal de Lisboa, e entre 1948 e 1959, trabalhou na Junta Autónoma de Estradas.

Entretanto, em 1949, casou-se com Mécia Lopes, filha de músicos portuenses, que conhecera num baile de receção de caloiros na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Tiveram nove filhos no espaço de 10 anos. Para sustentar esta família numerosa também trabalhou como tradutor, diretor literário e revisor.

Em 1959 exilou-se no Brasil, temendo as consequências da sua participação no falhado golpe de estado de 12 de Março, liderado pelo Movimento Militar Independente, e aproveitando um convite que tinha para ir até São Paulo.

No Brasil, país onde se fixou em Agosto de 1959, mudou radicalmente de profissão, tornando-se professor (contratado) de Teoria da Literatura na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, no Estado de São Paulo. Em 1961 passou para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara como Catedrático Contratado de Literatura Portuguesa.

Retrato de Jorge de Sena / Portrait of Jorge de SenaEm 1963 naturalizou-se brasileiro e, em 1964, a sua nova vocação levou-a a defender a tese de doutoramento em Letras e de Livre Docência em Literatura Portuguesa, com Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular, a qual foi aprovada com mérito e distinção.
Este período brasileiro (1959-1965) foi, provavelmente, um dos mais profícuos da sua obra literária. Durante estes anos escreveu, por exemplo, Metamorfoses (poemas), e O físico prodigioso (novela).

O golpe militar de 1964 inquietou-o e precipitou a sua saída do Brasil. Em 1965 transferiu-se para os EUA com a família, começando a lecionar na University of Wisconsin, Madison, em Outubro desse ano. Nesta universidade americana viria a ser nomeado Professor Catedrático do Departamento de Espanhol e de Português, em 1967.

Capa da Publicação Os Grão-capitães, de Jorge de Sena (1976) / Cover of the Publication Os Grão-capitães, by Jorge de Sena (1976)Em 1970 transitou para a University of California, em Santa Bárbara (UCSB), onde ocupou os cargos de Professor Catedrático Efetivo do Departamento de Espanhol e de Português e Diretor do Departamento de Literatura Comparada.
Os últimos anos de vida passados nos EUA foram problemáticos. Ao débil estado de saúde, degradado por problemas na vesícula, juntaram-se a fatalidade de ver nascer um neto com dificuldades cardíacas e a angústia suscitada pela instabilidade política portuguesa no período pós 25 de Abril.

Morreu a 4 de Junho de 1978, aos sessenta e oito anos, em Santa Barbara, na Califórnia.

Esta figura maior da cultura portuguesa do século XX produziu uma extensa e variada obra, constituída por cerca de vinte antologias de poesia, uma tragédia em verso, dez peças em um ato, mais de trinta contos, uma novela, um romance, aproximadamente quarenta volumes de crítica e ensaio – sobre Camões, Fernando Pessoa, história e teoria da literatura inglesa, teatro, cinema, artes – e traduções de poesia, de ficção, de teatro e de ensaio.

Edição: Livros do Brasil / Edition: Livros do BrasilJorge de Sena foi também conferencista, crítico de teatro e de literatura, comentador de cinema, diretor de publicações como os Cadernos de Poesia, coordenador editorial na revista Mundo Literário, consultor literário na edição dos “Livros do Brasil” e na editora brasileira Agir, co-fundador do grupo de Teatro "Os Companheiros do Páteo das Comédias" (1948), colaborador de António Pedro no programa de rádio Romance Policial, do Rádio Clube Português, e adaptador de contos.

Enquanto opositor do Estado Novo foi, durante os anos 60, co-fundador da Unidade Democrática Portuguesa, membro do conselho redactorial do jornal "Portugal Democrático" e participante nas atividades do Centro Republicano Português de São Paulo, no Brasil.
Nos Estados Unidos, a sua atividade cultural centrou-se nos círculos académicos e da emigração, mantendo, todavia, correspondência com intelectuais e autores portugueses e brasileiros e fazendo viagens de trabalho à Europa, Moçambique e Angola.

Em 2009 os seus restos mortais foram transladados para o cemitério dos Prazeres em Lisboa, terminando assim, nas palavras de José Jorge Letria, "o segundo exílio" do escritor.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

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