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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Emílio Peres

Fotografia de Emílio Peres / Photo of Emílio Peres Emílio Peres
1932-2003
Médico, professor, orador, escritor e político



Emílio Fernando Alves Peres nasceu em Ermesinde a 22 de Julho de 1932. Era filho único de pais oriundos de Lisboa.
Fez o ensino primário numa escola pública e, como tantos outros naqueles tempos, frequentou, por obrigação, a Mocidade Portuguesa e as aulas de religião e moral, apesar de não ser crente.
Das suas recordações, lembrava as férias memoráveis que passava na capital, plenas de passeios e convívios.

Fotografia do Liceu Alexandre Herculano / Photo of Alexandre Herculano high schoolEstudou durante sete anos no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, fazendo a viagem de comboio e, mais tarde, de elétrico. No Liceu fez amizades para a vida e estreou-se a escrever no jornal escolar. Trabalhou em part-time como agente de um quinzenário de palavras cruzadas e vendeu livros na Editora Civilização durante as férias.
Em 1949 matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, instituição que frequentou até 1955. Foi um excelente aluno, merecedor de alguns prémios académicos. No 6.º ano apresentou o seu primeiro trabalho de investigação, "Acção hipoglicemiante da Vitamina E".

Paralelamente ao estudo praticou desporto: hóquei em patins na equipa do Centro Universitário do Porto; ténis, no Ermesinde Ténis Club; montanhismo, no Club Nacional de Montanhismo. Integrou, também, o Orfeão Universitário do Porto, experimentou o jornalismo e, quando frequentava o terceiro ano do curso, passou a trabalhar como delegado de informação médica no laboratório Lepetit.

Interessado em Endocrinologia, transferiu-se para Lisboa em 1955, para aprofundar os conhecimentos numa área que não existia no Porto. Ocupou, então, uma vaga disponível no Serviço da Clínica Médica com o endocrinologista Luís da Silveira Botelho, que veio a ser o seu mestre. Estagiou no Hospital de Santa Maria e concluiu a licenciatura com a classificação de dezoito valores, em 1957.
Nos quatro anos seguintes, chefiou os serviços de propaganda médica, desenvolvendo técnicas inovadoras de marketing na empresa Lepetit, foi admitido no Internato dos Hospitais Civis de Lisboa, cumpriu o serviço militar, publicou os primeiros trabalhos científicos, apresentou as primeiras comunicações e, por uma ano, foi assistente voluntário de Química Fisiológica na Faculdade de Medicina de Lisboa, onde fez amizade com Manuel Júdice Halpern e Manuel Neves e Castro.

Fotografia do Hospital de Santo António / Photo of Santo António HospitalNo início da década de 60, altura em que era interno de Medicina nos Hospitais Civis de Lisboa e estagiário de Endrocrinologia no IPO, teve possibilidade de obter uma bolsa de estudo para Montreal. Contudo, os seus pais solicitaram-lhe que regressasse ao Porto e a Faculdade de Medicina desta cidade pediu-lhe que se transferisse do Hospital de S. António para o de S. João. Acabou por ser contratado como assistente de Clínica Médica para implementar a consulta regular de Endocrinologia, a qual veio, mais tarde, a integrar a Unidade de Endocrinologia.

Durante esta fase, dedicou-se, também, ao ensino, à investigação, à atividade de conferencista, ao estudo de novos métodos pedagógicos e à propaganda médica. Na Lepetit passou a diretor de Marketing, investindo em estudos pós-graduados em Marketing e Gestão de Empresas, tendo sido depois promovido ao cargo de consultor de negócios no exterior. Em 1965, quando o laboratório entrou no Grupo Dow Chemical, assumiu o cargo de Diretor-geral da empresa em Portugal até a deixar em 1971, mantendo-se, no entanto, associado ao sector editorial da Lepetit.

Livro de Emílio Peres / Photo of a Book of Emílio PeresEntre 1961 e 1962 viveu a guerra de Angola, integrando um batalhão de Caçadores Especiais. Regressou ao país depois de ser ferido.

Dos anos 70 aos anos 90, publicou dezenas de artigos científicos, iniciou a clínica privada em Endocrinologia e Doenças da Nutrição (1979), prosseguiu a sua carreira no Hospital de S. João, instituição da qual veio a ser chefe do Serviço de Endocrinologia e da qual se aposentou, em 1992. Na Faculdade de Medicina do Porto integrou a comissão diretiva (1974-1975), foi membro do Conselho Científico (1975-1976) e terminou a sua atividade de docente (1976).

Entre 1974 e 1975 participou ativamente em duas comissões nacionais, uma composta por representantes das três faculdades de Medicina e dos hospitais centrais, que resultou na criação de duas escolas médicas, uma em Lisboa e outra Porto (esta última, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar); a outra formada pelos representantes das faculdades de Medicina sob a tutela do Diretor-geral do Ensino.

Fotografia das Instalações da FCNAUP / Photo of FCNAUP BuildingNa sequência destes trabalhos surgiram conselhos e diretrizes para a formação de profissionais de Saúde. Foram então criadas escolas superiores públicas de Saúde Oral, de Alimentação e Nutrição, como a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, de Psicologia Clínica, da Motricidade e do Desporto e Educação Física para a Saúde. Algumas destas recomendações também resultaram na reciclagem dos auxiliares de enfermagem, na formação superior de enfermeiros e na criação de cursos médicos regulares.

Em 1976, fez parte do Grupo de Trabalho Instalador do Curso de Nutricionismo da Universidade do Porto, que se transformou na atual Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP). A aula inaugural por ele lecionada, na Faculdade de Medicina, foi mantida até 1998.

O professor, investigador e conferencista procurou atingir públicos alargados. Publicou livros de divulgação, fez rádio durante 12 anos, teve inúmeras intervenções na televisão, escreveu centenas de trabalhos de divulgação e artigos de opinião, colaborou em livros sobre ambiente, alimentação e política, participou na Campanha de Educação Alimentar "Saber Comer é Saber Viver" e no projeto "A Roda dos Alimentos" e deu cursos de formação.

Fotografia da Fundação Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto de Mesquita Carvalho / Photo of the Building of Foundation Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto de Mesquita CarvalhoO seu apego à cultura levou-o a participar na fundação da Universidade Popular do Porto, uma associação cultural sem fins lucrativos e de utilidade pública, com Rui Luís Gomes, Óscar Lopes e Armando de Castro, instituição que abriu portas no dia 25 de Junho de 1979, nas comemorações do 30º aniversário da morte de Bento Jesus Caraça.
Esteve igualmente ligado à Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto de Mesquita Carvalho, instituída após a morte da filha do poeta transmontano. Foi consultor da Enciclopédia Verbo, militante do PCP e vice-presidente da secção Regional da Ordem dos Médicos (1973-1975).

Cartaz da Homenagem U.Porto a Emílio Peres / Poster of the U.PORTO Homage to Emílio PeresDo seu casamento com D. Odete Peres teve a filha Mafalda, mãe de Frederico e de Santiago.
O pai da educação alimentar em Portugal, culto e interventivo, que dedicou a sua vida à investigação científica, ao ensino, à cultura (letras e música), à política e às artes plásticas (arte sacra e faiança, nas quais usou o método científico para o seu estudo), morreu em 26 de Outubro de 2003.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

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