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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

João Baptista Ribeiro

Imagem de João Baptista Ribeiro João Baptista Ribeiro
1790-1868
Pintor, desenhador, gravador, lente de Desenho e diretor da
Academia Politécnica do Porto



João Baptista Ribeiro nasceu em S. João de Arroios, junto à Ponte de Santa Margarida, em Vila Real, a 5 de Abril de 1790, sendo filho de António José Ribeiro e Isabel Maria. Aprendeu as primeiras letras no Convento de S. Francisco, pouco distante do Bairro dos Ferreiros onde habitava.
Cedo se tornou evidente a sua vocação artística, revelando uma natural apetência pelo desenho. Nas paredes das sua aldeia fazia desenhos a carvão, que chamaram a atenção tanto do Arcebispo de Braga, Frei Caetano Brandão, como do Morgado de Mateus, ilustres personagens empenhadas, mas sem sucesso, em proporcionar-lhe a educação mais adequada, pois só em 1802 (21 de Março) foi entregue aos cuidados do Dr. Frei Jacinto de Sousa.
Nesta altura, a sua família afetiva passou a ser a de D. Albina Emília, senhora que dele cuidou, correspondendo-se regularmente com o irmão, Luís José Ribeiro, Barão de Palma, e os sobrinhos, Luís, Sebastião e Maria da Glória, moradores em Lisboa.
Iniciou a sua aprendizagem no Porto. A 20 de Maio de 1803, inscreveu-se na Aula de Debuxo e Desenho da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, a instituição mais marcante da cidade, sendo aluno de Domingos Vieira, lente substituto da Aula de Desenho, e do seu filho Francisco Vieira, o Portuense, proprietário da cadeira.
Entre 1803 e 1810, foi aluno de José Teixeira Barreto e de Raimundo Joaquim da Costa, na Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto. Vieira Portuense, o nome mais sonante, pouco lhe terá ensinado, pois faleceu em 1805. Pelo contrário, muito aproveitou com Domingos Sequeira (Domingos António Sequeira) que teve como professor na mesma Aula de Desenho a partir de 1806 e que o acompanhou até ao final do curso, declarando-o o seu discípulo favorito.

Cachão da Valeira depois do corte, aguarela de João Baptista Ribeiro (1810)As primeiras obras da sua autoria de que há notícia são as decorações ("painéis de cola") que realizou, em 1808, para as festividades em ação de graças à Restauração de Portugal, celebradas na Igreja Matriz de Vila Nova de Gaia, como consta na "Descripção Topographica de Villa Nova de Gaya", de João Monteiro Azevedo. E duas aguarelas, destinadas à Real Companhia Velha (1810), representando a destruição do Cachão da Valeira do rio Douro, em S. João da Pesqueira.
Terminada a formação artística, com 21 anos, foi nomeado lente substituto da Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio (1811-1813), no lugar de Raimundo Joaquim da Costa que, por morte de José Teixeira Barreto, ascendera a Lente.
Entre 1836 e 1837 foi nomeado Diretor das três Academias de ensino superior do Porto. Iniciou o seu percurso na Academia Real de Marinha e Comércio, passou, depois, por um curto lapso de tempo, pela Academia Portuense de Belas Artes vindo a fixar-se na Academia Politécnica do Porto, onde permaneceu até se jubilar em 1853, embora continuando a lecionar por mais alguns anos.

Retrato de D. Pedro IV. Desenho de João Baptista Ribeiro (1833)Durante o cerco do Porto, este "miguelista por convivência e liberal por convicção", foi chamado por várias vezes ao Paço, por D. Pedro IV, para lhe fazer o retrato ou para ser ouvido sobre as orientações a dar a um futuro museu, de cuja organização fora incumbido. Do monarca, que frequentava a sua casa, recebeu um prelo litográfico e conseguiu a dispensa do serviço militar. Com a sua arte representou o desembarque de Pampelido, as baterias do Covelo, do Monte Pedral e dos Congregados.
Como agente cultural na cidade teve uma importante intervenção. Organizou academias, museus, associações e coordenou a recolha e reordenação do espólio dos conventos abandonados e das casas confiscadas aos rebeldes absolutistas.
Esta missão tinha-lhe sido ordenada pelo rei. Foi com esse espólio, guardado na Academia, que se constituiu o primeiro museu público português: o Museu de Pinturas e Estampas, que mais tarde seria transformado no Museu Nacional de Soares dos Reis. Por decreto de D. Maria II, de 1836, foi nomeado diretor do Museu. Deixa o museu portuense em 1839, já instalado no Convento de Santo António da Cidade, em S. Lázaro, onde ocupava uma galeria e uma sala de grandes dimensões. Abriu ao público em 1840, sob a proteção da Academia Portuense de Belas-Artes.
Depois das primeiras obras, a sua pintura centra-se essencialmente no retrato de grande dimensão e na pintura religiosa (grandes "panos de camarim" em Valongo, nos Congregados e os painéis para os retábulos de Massarelos, capelas das Almas e de S. José das Taipas, já desaparecidos).

Auto-retrato de João Baptista Ribeiro (1840)No retrato distinguem-se as obras encomendadas das realizadas mais livremente, como o seu auto-retrato (de 1840) e o retrato de seu pai, exemplos da sua mestria neste tipo de pintura. Entre outras obras, pintou, para a Sala dos Capelos da Universidade do Coimbra, os retratos de D. João VI, D. Pedro IV, D. Maria II e D. Pedro V, e ainda um retrato D. Miguel.

Retrato de Alexandre Herculano. Daguerreótipo de João Baptista Ribeiro (1854)A miniatura proporcionou-lhe o fabrico em série das figuras do rei D. João VI e da rainha Carlota Joaquina, de burgueses, militares e auto-retratos. A litografia permitiu-lhe efetuar novas experiências. Mais tarde também experimentou o daguerreótipo, a primeira forma de reprodução da imagem fotográfica, e neste processo imortalizou Alexandre Herculano (daguerreótipo de 1854) e alguns dos seus amigos mais chegados.
Apesar de ter feito toda a vida no Porto, manteve relações com a terra natal. Produziu obras para várias instituições regionais e trocou correspondência com o Morgado de Mateus, aquele que fora um dos primeiros a reconhecer a sua aptidão artística.
Morreu no Porto, a 24 de Julho de 1868, na sua casa da Rua Bela da Princesa (atual Rua de Santa Catarina), em cujo jardim instalara uma oficina litográfica e no muro externo fizera painéis de azulejo, homenageando Vieira Portuense, Domingos Sequeira e Teixeira Barreto.
Esta figura polémica, motivadora de sentimentos de ódio e de admiração (o jornal "O Cafre" publicou um poema "heroico-satírico" no qual lhe chamou "miguelista assanhado, cartista sem diploma, enfadonho setembrista, cabralista sanhudo"), ficou na história como político, pedagogo, museógrafo, pioneiro da fotografia e da litografia no Porto e, claro, pintor. Provavelmente não o mais ilustre dos pintores portuenses, mas aquele que, nas palavras de Flórido de Vasconcelos, "deve ser lembrado como um dos mais fecundos e activos promotores das artes na cidade do Porto" ("João Baptista Ribeiro. Uma Figura do Porto Liberal", 1991).
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

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