Resumo: |
O nó central do projeto situa-se na análise dos contextos e agentes sociais de emergência, desenvolvimento e consolidação das manifestações sócio musicais do punk no contorno da modernidade da sociedade portuguesa (1977-2012) numa ótica diacrónica e num recorte sincrónico, cruzando tempos e espaços, pois acreditamos ser este o caminho mais fértil para explorar objetos de natureza complexa, invisíveis socialmente, mas que reclamam uma pluralidade de paradigmas para a sua efetiva explicação e compreensão científicas. A ausência de estudos científicos específicos em Portugal e o seu tratamento incipiente por atores políticos, institucionais e científicos justifica a relevância deste projeto. A nível internacional, a abordagem destas manifestações musicais e sua inter-relação com a estrutura social foi tributária a partir dos anos de 1970 dos cultural studies e do seu consistente quadro interpretativo (subculturas), inserindo estas manifestações em modos de vida enraizados nas estruturas das sociedades ocidentais do pós-guerra, sendo constantemente enriquecida por abordagens ulteriores (mediação musical, re-materialização da cultura, produção cultural, tribos e cenas musicais). Ora, importa reinterpretar estes paradigmas à escala nacional.
Como patamares de abordagem do punk interessam-nos as esferas de produção, divulgação e consumo dentro de uma matriz que encara o punk como uma forma de cultura popular, pois implica um acesso a espaços e instrumentos particulares de expressividade e de comunicação, o incremento e a ativação de padrões cognitivos, emocionais e simbólicos, a criação de produtos culturais próprios, a possibilidade de experiências estéticas e a mobilização de agentes sociais oriundo dos meios populares e das classes médias urbanas. É ainda importante acentuarmos o enquadramento da nossa análise no fenómeno de territorialização das atividades culturais que se aplica às manifestações de música popular onde incidimos o nosso zoom analítico. Na abordagem |
Resumo O nó central do projeto situa-se na análise dos contextos e agentes sociais de emergência, desenvolvimento e consolidação das manifestações sócio musicais do punk no contorno da modernidade da sociedade portuguesa (1977-2012) numa ótica diacrónica e num recorte sincrónico, cruzando tempos e espaços, pois acreditamos ser este o caminho mais fértil para explorar objetos de natureza complexa, invisíveis socialmente, mas que reclamam uma pluralidade de paradigmas para a sua efetiva explicação e compreensão científicas. A ausência de estudos científicos específicos em Portugal e o seu tratamento incipiente por atores políticos, institucionais e científicos justifica a relevância deste projeto. A nível internacional, a abordagem destas manifestações musicais e sua inter-relação com a estrutura social foi tributária a partir dos anos de 1970 dos cultural studies e do seu consistente quadro interpretativo (subculturas), inserindo estas manifestações em modos de vida enraizados nas estruturas das sociedades ocidentais do pós-guerra, sendo constantemente enriquecida por abordagens ulteriores (mediação musical, re-materialização da cultura, produção cultural, tribos e cenas musicais). Ora, importa reinterpretar estes paradigmas à escala nacional.
Como patamares de abordagem do punk interessam-nos as esferas de produção, divulgação e consumo dentro de uma matriz que encara o punk como uma forma de cultura popular, pois implica um acesso a espaços e instrumentos particulares de expressividade e de comunicação, o incremento e a ativação de padrões cognitivos, emocionais e simbólicos, a criação de produtos culturais próprios, a possibilidade de experiências estéticas e a mobilização de agentes sociais oriundo dos meios populares e das classes médias urbanas. É ainda importante acentuarmos o enquadramento da nossa análise no fenómeno de territorialização das atividades culturais que se aplica às manifestações de música popular onde incidimos o nosso zoom analítico. Na abordagem desse fenómeno, é importante ter em conta uma relação de dupla dependência, isto é, a territorialidade da criação e do consumo culturais torna-os essenciais para o desenvolvimento territorial, ao mesmo tempo, que faz do território elemento essencial para o dinamismo cultural.
Os objetivos do projeto são: realizar uma investigação sistemática das culturas urbanas associadas à música punk e sua importância nos processos de construção identitária dos agentes sociais, dos jovens em particular; promover uma articulação entre a análise dos campos culturais e a análise de públicos do vivido da música em diferentes escalas; constituir um espaço relacional do punk, destacando um conjunto de posicionamentos num espaço social específico situado no interior do universo rock, relacionado com a estrutura do campo artístico e o espaço social português; cruzar metodologias e técnicas de investigação tendo como âmago a importância das vivências quotidianas feitas da prática e consumo musical e sua importância e impactos da reestruturação das práticas sociais. Pretendemos alcançar estes objetivos cruzando metodologias de cariz extensivo e intensivo numa matriz de etnografia reflexiva defendida enquanto estratégia adequada para aportar a complexidade e singularidade diacrónica e sincrónica do fenómeno. Pretende-se desenvolver investigação para a ação, que se inicia com a análise documental, entrevistas exploratórias, histórias de vida, case studies, grupos focais e que termina reunindo investigadores e agentes no terreno, nomeadamente na discussão de resultados e disseminação. Esta concretizar-s |